Quando nos visita a solidão,
trazendo consigo a companhia da carência afetiva, jamais devemos ceder aos
caprichos delas, senão, mais tarde, seremos severamente cobrados pelos atos e
pelas reações impensadas que cometermos. Portanto, melhor sermos os mais racionais
possíveis nessa situação.
Assim estava ela, totalmente
acossada pela longa solidão a que se impusera! Não tardou muito para que a
carência afetiva viesse a ser cúmplice nessa pressão carnal e psicológica. Logo, ela cedeu aos caprichos daquelas e não havendo insinuações de
nenhum ser vivo sequer, fosse real ou virtual, decidiu declarar o que nem ela
mesma sabia ao certo estar sentindo e nutrindo por um alguém que longe vivia e jamais viu.
O tempo passava e ela seguia declarando, com convicção,
o que pensava realmente sentir, mas que, na verdade, não passava de um delírio
causado pela fusão de daquelas coisas já citadas, isso ela só iria perceber muito
tempo depois, quando o arrependimento se faria tardio.
Por não ter feito imperar a
racionalidade durante esse processo, cometeu desatinos que lhe custariam bem
caro. Quando se fez prisioneira domiciliar, perdeu a noção real das coisas e,
por isso, não percebeu que a distância em quilômetros entre ela e o seu
preterido não passava de uma metáfora, a qual dizia que o sentimento não
vinga sem a presença real e constante dos envolvidos.
Perdida e sem se dar conta
de suas ações, não notou que estava sendo intolerante com aquele a quem, por
mera pressão da situação que passava e não por vontade espontânea e própria,
escolhera. Quando ele apenas confirmava já estar com uma companhia, fato
que ela já era sabedora, através de mensagens subliminares alheias lidas em uma
rede social qualquer.
A conversa final, assim ela decretou, devido à intolerância e a total falta de bom-senso, que para ele era só a continuidade de tantas outras que já tiveram, ocorrera em tom seco e formal, bem diferente daquelas de outrora, sempre informais e descontraídas. Ao se despedir, ela escreveu um irônico “seja feliz”, acompanhado por um “aqui nos esqueçamos” e finalizado por uma ingrata acusação de ter sido vítima de um ato covarde! Despediu-se, desejando que, um dia, ela perceba que ele não a feriu, porém foi ela que se autoflagelou quando cedeu aos caprichos de sua longa solidão e da sua carência afetiva. O que a tornou cega diante do real sentido dos acontecimentos.
Criado em: 23/05/2010 Autor: Flavyann Di Flaff
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