Pelas palavras escritas com tamanha certeza do que
desejava, pensei que teria a honra de receber o néctar dos deuses. Porém,
quando as palavras se fizeram ação, recebi o néctar amargo do sofrimento − a
cicuta. A bebida seguiu me envenenando em forma de uma aflição sem fim e, por
isso, quase morri.
Passado o efeito inicial, tentei me curar, provando de
outras bebidas − verdadeiros vinhos baratos – já que em nada contribuíam para
sanar o mal que me consumia.
Como pude me enganar com tão simples ardil! Coisa que
qualquer bom caçador saberia reconhecer, posto que faz parte do seu vasto
arsenal de artimanhas. Talvez tenha me deixado levar pela atmosfera mítica das
palavras daquele ser, que eu pensara se tratar de uma deusa, tamanha era a
veracidade do sentimento que emanava de tudo que me fora revelado naquelas
conversas eventuais.
O tempo passou e vi, tardiamente, que tudo não passara de uma trama cruel e fatal! Porquanto aquele ser que me fizera baixar a guarda e me entregar, usou de artifícios mitológicos para tanto. Ao se apresentar, vestiu-se de Afrodite, e para me prender, vestiu-se de Diana, por fim, para me condenar ao sofrimento eterno, mostrou a sua verdadeira face, assemelhando-se à deusa Pandora, abrindo a sua caixa infernal, libertando e enviando para mim, todos os males existentes em forma de um hipócrita e sutil desprezo.
Criado em: 01/08/2008 Autor: Flavyann Di Flaff
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