Durante a vida, acontecimentos diversos
pontuam o nosso caminhar. Distinguimos-os como bons ou maus, mas assim o
fazemos, só depois de já tê-los vivenciados. Alguns nos proporcionam lembranças
agradáveis, enquanto que outros, só nos deixam traumas, quase sempre,
incuráveis.
Depois de um fim-de-ano
desagradavelmente marcante, o ano seguinte parecia fluir com leves ares de
mudança. Quem logo se fizera consolador, mais adiante, se mostrara um
grandessíssimo oportunista e aproveitador, sendo rechaçado aos poucos, devido à
fragilidade que ainda permanecia.
O novo ano seguia e os resquícios da
fatalidade passada já começavam a se dissipar, restando apenas, umas lembranças
que, como campanha educativa, nos ensina a não cometermos esse mesmo erro. Assim
segue o tempo, sem mudança na nova-velha rotina.
A solidão, para quem jamais conseguiu
aprender a conviver com ela, mesmo em momentos intermitentes, angustia e causa
depressões casuais, coisa que acometia certa pessoa. Mas igual à brisa marinha
nas noites da calçadinha de uma praia urbana qualquer, bons ventos ─ indícios
de mudança ─ começavam a soprar na vida desta recente solteira.
Sem jamais pôr os pés numa rústica
embarcação sequer, nas ondas de uma modernidade a nós imposta, navegava sem
sair de casa, e assim, lançava-se aventureira nesse imenso mar cibernético.
Mesmo tendo encontrado inúmeros lobos-do-mar, alguns, verdadeiros piratas, os
quais, só queriam pilhar seus tesouros, jamais pensou em parar de navegar, pelo
contrário, superou esses fracassos e continuou. Até que, numa tarde, se deparou
com mais um lobo-do-mar. Receosa, aproximou-se aos poucos, sondando o que
podia, desse que agora, se apresentava. Só depois de sentir confiança, expôs
antigos e recentes acontecimentos seus e muitos lhes eram
coincidentes, estreitando, com isso, um novo laço para ambos. Almas perdidas
que se encontraram num ambiente surreal, sedentas de companhia, determinadas no
que desejavam para si. Assim, se fizeram um só, alterando suas rotinas que, até
esse instante, permaneciam estagnadas.
Muitos passeios, beijos, carinhos,
carícias e desejos carnais, foram feitos, dados e saciados, sem falar no
bem-estar emocional que ambos sentem quando desfrutam desses momentos. Coisas
boas que só acontecem por não existir contendas e isso, nos tempos atuais,
causa espanto aos olhos e ouvidos alheios, incomodando alguns.
O ritmo desta inesperada união estava
ótimo, mas parece que a dor de fracassos contínuos, é como certos remédios,
possuem efeito cumulativo. Vai se juntando na alma até explodir em imaginárias
desconfianças, contaminando tudo ao redor. Desde então, aquele imenso mar
cibernético que os aproximou, se tornou alimento das ilusórias suspeitas, que
logo foram superadas, devido à atitude sábia do velho marujo, voltando, com
isso, a tranquilidade de antes, mas o deixando agora, constantemente em estado
de alerta.
O velho lobo-do-mar, grande ouvinte de
experiências alheias, conhece bem esse vasto mar dos sentimentos. Por isso,
sabe o quanto ele é temperamental, ainda mais, quando o mesmo é preenchido
pelas águas agitadas da desconfiança. Então, renova suas forças e fica alerta,
pois as águas que agora se mostram calmas, subitamente, podem mudar. Mas sempre
diz que, para as intempéries das relações, como um mantra que acalma a alma, o
diálogo é a solução mais adequada, pois abre caminho para o esclarecimento dos
fatos e por consequência, se chega ao perfeito entendimento, coisa que o velho
lobo-do-mar muito preza.
Criado
em: 17/12/2010 Autor: Flavyann Di Flaff
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