Pular para o conteúdo principal

VIDAS SEPARADAS

Quis o destino que eu te conhecesse, pois, apenas, só te olhava de longe. Tu, ainda com jeito de criança, logo me chamaste a atenção. Eu, um pouco mais crescido, já via em ti uma mulher feita. Desde então, começamos a conversar, a andar junto, até que nos apegamos um ao outro. Em um belo dia, sem querer, como se fossemos duas crianças a descobrir o que até então se mostrava desconhecido para nós, tocamos nossos lábios, em um distraído beijo. Foi assim, sem que ninguém soubesse, que começou o nosso namoro. O tempo passou rápido e, certo dia, não sei o porquê, fomos seguir caminhos diferentes. Para um lado foste e para o outro eu segui.

Cresceste experimentando novas emoções e conhecendo outras pessoas. Enquanto eu, agora já um pouco maduro, não consegui vivenciar novas emoções com mais ninguém, uma vez que ainda permanecias viva em meu coração.

Por um desses acasos do destino nos encontramos. Percebi pela forma de como me olhaste e pelo comportamento do meu corpo, que tudo pareceu vir à tona, quando nos vimos. Mas, impassível, disfarçaste muito bem o teu prazer em me ver e nenhuma ação esboçaste, por isso, eu, também, nenhuma reação realizei. Apenas prossegui com o meu caminhar, enquanto partias noutra direção.

Criado em: 10/11/1998 Autor: Flavyann Di Flaff


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MUNDO SENSÍVEL

  E toda vez que eu via, ouvia, sorria, sorvia, sentia que vivia. Então, veio um sopro e a chama apagou.   Criado em : 17/01/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ALICIADORES DA REBELDIA

         Nasce no asfalto quente, entre gritos roucos e cartazes mal impressos, o suspiro inaugural de um movimento popular. É frágil, mas feroz feito chama acesa em palha seca. Ninguém lhe dá ouvidos; zombam de sua urgência, ignoram sua fome de justiça. É criança rebelde pulando cercas, derrubando muros com palavras – ferramentas de resistência.           Mas o tempo, esse velho sedutor, vai dando-lhe forma. E o que era sopro, vira vendaval. Ganha corpo, gente, força, rumo. A praça se enche. Os gritos, antes dispersos, agora têm coro, bandeira, ritmo, batida. E aí, justo aí, quando a verdade começa a doer nas vitrines do poder, surgem os abutres engravatados — partidos, siglas, aliados, palanques — com seus sorrisos de vitrine e suas promessas de espelho, instrumentalizam o movimento para capitalizar recursos e influência política, fazendo-o perder a essência.           Chegam mansos, como quem só...