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DA PRIMEIRA DECEPÇÃO AMOROSA

      Na intenção de revelar o que dentro de mim nascera, rompi todos os obstáculos que meu ser colocara para não vivenciar a já inevitável descoberta do primeiro amor.

         Sem pensar nas ferinas opiniões alheias − coisa típica de uma sociedade retrograda e hipócrita − expus o que, em meu coração, já transbordava. Era a imprevisível paixão por um ser adulto. Sei que essa paixão, pouco normal de ocorrer entre distintas faixas etárias, contraria os padrões já estabelecidos e foge às normas vigentes da legalidade, especificidade que os homens nos impuseram. Mas por ser intensa nesse momento, não respeita mais limites ou regras, apenas deseja ser concretizada.

         Ludibriando a ingenuidade habitual à minha idade, pensava ter a pronta recíproca a este súbito sentimento. Porém, esqueci de que já eras uma pessoa madura, por isso, tens o impulso natural de analisar e questionar, antes de poder aceitá-lo. E  isso, muito me incomoda, pois te quero para agora.

         Na minha inocência, não imaginava que esta insegurança, este medo do novo ou o receio pela não-aceitação alheia a essa distinta relação, pudesse perturbar um já experiente ser. Pensava que isso só existia em pessoas como eu, que ainda não conheciam tudo na vida.

         Agora, não sei se me acostumarei com essa tua imprópria indiferença, melhor seria, que tomasses alguma decisão, ao invés de ficares fingindo que não é contigo.

         É triste perceber, que enquanto pensas estar evitando um problema e segues executando, comodamente, a rotina da tua vida. Eu continuarei seguindo o meu caminho, tendo a certeza de já ter experimentado a minha primeira decepção amorosa.

Criado em: 17/07/2002 Autor: Flavyann Di Flaff

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