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CARTA A UMA DAMA

My lady, quanto tempo faz que não nos encontramos neste vasto reino virtual! Penso até que já perdemos a noção deste prazo.

Sumiste sem deixar lembrança de uma despedida, simplesmente, desapareceste sem aviso prévio. Contudo, ainda restaram comigo resquícios de alguns poucos diálogos que tivemos anteriormente, através dos quais, em saraus irreais de esporádicos fins de semana, mantínhamo-nos cientes também da rotina de cada um de nós.

Ainda cavalgo em meu corcel negro por este reino virtual, defrontando-me com dragões ferozes − pessoas falsas − mas também tenho encontrado e conhecido umas poucas pessoas possuidoras de fidalguia. Contudo, sempre evitando envolvimentos mais generalizados, pois para um cavaleiro como eu, da Ordem dos Amantes da Liberdade, não é permitido se prender a pilares, sejam eles coisas ou pessoas. Só abrindo exceção para se guardar no peito, apenas, os momentos que são desfrutados junto a alguém de distinção, aos quais recorro sempre que me pego só e é assim que continuo este meu caminhar errante.

Agora que já falei de mim, fale-me um pouco de ti. Onde tens andado? O que continuas ou estás a fazer? Estás comprometida ou ainda resguardas o teu maduro, porém receoso coração das temerárias investidas da paixão? Estás prestes a concretizar aquele anseio de ir a novas plagas em busca de realizações pessoais indomáveis? Desde já, estarei esperando uma resposta em pergaminho e este será teu, uma vez que o reconhecerei pelo selo do teu brasão. Entretanto, se acaso assim não procederes, entenderei. Sei que o tempo, muitas vezes, apaga as nossas grandes lembranças, imagine as mais ínfimas.

Criado em: 24/09/2002 Autor: Flavyann Di Flaff

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