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DA PRÓXIMA VEZ

Diante da tua inesperada e fria decisão, senti que as minhas perspectivas de ter um relacionamento normal contigo foram todas desfeitas, sem que tivessem a mínima chance de serem realizadas. Por isso, os desejos que havia em mim e, talvez, em ti, foram todos desfeitos.

Vejo que as minhas palavras foram ditas ao vento, pois percebi que fingiste escutá-las e entendê-las. Quando, na verdade, nada quiseste ouvir ou guardar.

Descobri que todos os olhares e sorrisos que me deste, foram de uma falsidade quase enganadora. Certifiquei-me de que todas as tuas frases insinuando um bem-querer por mim, foram todas parafraseadas de um livro de mentiras, que bem tu conheces. Reconheci, agora, que todos aqueles beijos que outrora me deste, não passaram de verdadeiras pedras de gelo, de tão frios que foram, pareciam ter o teu calor.

Sem nenhuma consideração, disseste de forma gélida e em controvertidas palavras, que o pouco que existia entre nós acabara. Não aceitei facilmente, mas diante da tua incompreensiva insistência em nada explicar, tive que fingir estar conformado.

Hoje, já de cabeça fria, vejo que paguei um alto preço por ter levado a sério e dado um valor ao infantil e inexperiente sentimento, que insinuaste ter por mim. Quero que saibas, que, da próxima vez, se houver outra, o brinquedo banal desta vil brincadeira de querer mexer com o sentimento alheio, não serei eu. Porém, esta quase inqualificável coisa que possuis e pensas ser uma afeição.

Criado em: 31/05/1998 Autor: Flavyann Di Flaff


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