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DO ALICIAR

Tu eras desconhecida para mim! Nenhum vínculo de amizade tinha contigo até aquele dia. Vieste como quem nada quer e devagar foste chegando, até ganhar a minha permissão para ficar. Em troca, deste-me atenção, compreensão e amizade.
O tempo passou rápido e, com a mesma intensidade, evoluía a nossa relação. Desfrutando de certa liberdade, foste mostrando, de forma sutil, todo o teu lado mulher. Com isso, paulatinamente, notaste a minha admiração, já que eu não conseguia disfarçá-la.
Intencionalmente, iniciaste os ensaios de uma maior e intensa aproximação. Uma vez que ficaste sabedora que eu ainda não experimentara o gosto de uma paixão.
A insinuação fora a arma que encontraste para me enfeitiçar, coisa que já começava a dar certo. Visto que ficava a cada dia com a curiosidade e o desejo à flor da pele, apesar de ainda relutar em ceder a tal investida.
Decidida e percebendo a minha hesitação, começaste a ser mais provocadora e, por fim, para me cativar de vez, fizeste promessas. Nas quais, em troca de minha permissão a um maior contato, dar-me-ias o amor que aparentavas ter por mim.
Ainda relutante, cedi um pouco, diante de sua persistência. Esse pouco fora o suficiente para roubares um beijo meu. Nesse momento, meu corpo tremera e suei de tão receoso que estava. Meu coração juvenil, quase arrebentara o peito de tanta emoção. Desde então, começaste a ser tudo para mim e pensava em ti a todo instante. Descobrindo, assim, de maneira abrupta e inesperada, o gosto da paixão.
Tudo parecia um sonho, até que comecei a ti perceber estranha. Qual o porquê de estares agindo assim, se a ti entreguei-me e nada do que prometeste, começaste a dar? Ah, como fui tolo! Mas fazer o quê, se a imaturidade, em mim presente, não me deixou ver que tu só fizeras enganar-me a fim de conseguir seduzir-me e saciar os teus infames desejos instintivos. Só agora percebo, a duras penas, que fora aliciado, uma maneira forçada de aprender o que ainda não se sabe ou não se conhece e que deixa amargas cicatrizes. 

Criado em: 30/08/2002 Autor: Flavyann Di Flaff

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