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INDECISO

Está tudo tão confuso, que se torna impossível ocorrer um entendimento da minha parte! Há algum tempo, éramos dois desconhecidos, e, de repente, estávamos juntos, tentando uma relação. Parecia que tudo ia bem, mas os obstáculos, que já conhecíamos e julgávamos poder transpor, mostraram-se ser mais fortes. Percebia e sentia o poder deles, pois o teu semblante e as tuas ações, outrora radiantes de felicidade, transformaram-se em obscuras expressões de uma angústia sem fim.

Quando, um dia, pensei poder usufruir ternos momentos contigo, vieste dizer-me que “tudo” acabara entre nós. Sofri com essa tua inesperada rejeição, e quando não obtive nenhuma explicação tua, sumi mundo afora.

Hoje, fiquei sabendo que choraste pela perda do meu sentimento, e, agora, eu te pergunto: por que foste me falar de uma coisa que o teu coração não consentia? Por que foste renegar um sentimento que nele já se fixara? Sei que dificilmente terei respostas, porém, penso que estavas sob intensa pressão, por isso, resolveste tomar aquela equivocada decisão, satisfazendo, assim, a vontade de terceiros (uma vontade padrasta). Dói-me saber que ainda possuis um sentimento por mim e, por não seres suficientemente forte, não o reconheces.

Agora não sei se torço para que venças os tais obstáculos e mudes de ideia ou se desejo que superes essa nossa separação, sem que tenhas que sofrer ainda mais por isto. 

Criado em: 05/06/1998 Autor: Flavyann Di Flaff

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