Pular para o conteúdo principal

DESPERTANDO PARA A REALIDADE

    

Nunca passou em minha mente viver uma ilusão e, nem tão pouco, um eterno sonho. Mas quis o senhor dos rumos da vida, o destino, que eu experimentasse tal sensação.

Certo dia, o destino me apresentou a um ser virtual. Palavras foram trocadas em diversos e distintos diálogos e logo estávamos a ouvir as nossas vozes ao vivo. Horas e dias, que, rapidamente, transformaram-se em meses de convivência irreal. Com o desenvolver de tais diálogos − alimento para a minha alma solitária e carente − comecei a tentar imaginar como ela seria. Também como ocorreria um possível encontro e quais seriam as nossas eventuais sensações nessa ocasião. Meras suposições de alguém que ficou interessado por outro, que ainda nem conheceu.

Sagrados para mim eram os fins de semana! Pois eram sempre neles que eu a encontrava no bate-papo virtual, escrevendo-me palavras adoráveis e a me enviar sonoros beijos. Tudo isso, causava-me uma forte impressão de estar vendo-a ao meu lado, a ponto de quase poder sentir o seu cheiro, fitar o seu olhar e ouvir a sua voz declamando para mim todas as frases que se estampavam diante do meu enamorado olhar. Assim virtualmente apaixonado segui. Foram tempos de pura ansiedade em relação ao que poderia ocorrer entre nós dois. Já que inúmeros desejos foram despertados, sem a mínima certeza de serem saciados. Por isso, uma imensa insegurança de nunca poder vê-la e tê-la comigo, surgiu.

Tudo ia bem, até que, um dia, a linha telefônica foi cortada e o computador coincidentemente quebrou. Foi então, sem esses únicos meios de tê-la perto de mim, que percebi que sempre estive só, que, na verdade, nunca existiu alguém a me querer e a esperar por mim, despertando, assim, para a realidade de fato. 

Criado em: 09/09/2001 Autor: Flavyann Di Flaff



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LOOP FARAÔNICO

  De um sonho decifrado ao pesadelo parafraseado. A capa que veste como uma luva se chama representatividade, e a muitos engana, porque a vista turva. Ao se tornar conveniente, perde toda humanidade. Os sete anos de fartura e os de miséria, antes, providência pedagógica, hoje mensagem ideológica, tornando o que era sério em pilhéria. A fartura e a miséria se prolongam, como em uma eterna praga sem nunca ter uma solução na boca de representantes que valem nada. O Divino dá a solução, e esses homens nada fazem, deixando o povo perecer num infinito sofrer, pois, basta representar, para fortunas obterem. E, assim, de dois em dois anos, os sete se repetem, como num loop infinito de fartura de enganos.   Criado em : 1/6/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

O JOGO DA VIDA

O jogo da vida é avaliado sob quatro perspectivas: a de quem já jogou e ganhou e desfruta da vitória, a de quem acabou de entrar, a de quem está jogando e a de quem jogou, perdeu e tem que decidir se desiste ou segue jogando. Quem jogou e ganhou, desfruta os louros da vitória, por isso pode assumir a postura que mais lhe convier diante da vida. Quem acabou de entrar no jogo, chega cheio de esperança e expectativas, que logo podem ser confirmadas ou frustradas, levando-o a ser derrotado ou a pedir para sair, permanecendo à margem, impotente diante da vida. Quem está jogando, sente a pressão da competição e, por isso, não se deixa levar por comentários de quem só está na arquibancada da vida, sem coragem de lutar. Quem jogou e perdeu, sente todo o peso das cobranças sociais pelo fracasso, por isso não se permite o luxo de desistir, pois sabe que tem que continuar jogando, seja por revolta, seja para se manter vivo nessa eterna disputa. Criado em: 20/11/2022 Autor: Flavyann Di Flaff