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COMO CHUVA DO CAJU

Surge no horizonte dos nossos corações, a perspectiva de uma nova paixão! Mas não sabemos ainda, com quais feições apresentar-se-á. Pouco ou quase nada sabemos sobre ela, restando-nos, apenas, o pensamento, que sempre está a vagar solto por feições e formas, por palavras e ações, continuamente insinuadas e ainda meio desconhecidas, dando a entender que são provocações, e ele as tem, meio a contragosto do coração, o qual, por receio, parece querer nos prevenir.

Será que tal paixão não passa só de uma chuva passageira a querer saciar, de forma breve, os nossos sequiosos corações? Não sabemos! Mas se for como uma chuva breve, que seja feito como a chuva do caju, que logo depois da seca, rega a terra e vai embora, deixando-nos, pelo menos, mesmo que por um tempo determinado, bons e doces frutos para aplacar a nossa grandiosa fome de paixão, e embora tenhamos experimentado tão saborosos momentos, em tão curto espaço de tempo, sentiremo-nos felizes e realizados, uma vez que pudemos, nesta vida, desfrutar de tão recíproca e agradável companhia.

Criado em: 19/12/2001 Autor: Flavyann Di Flaff

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