Nunca assuma que sou a sua paixão de forma convicta! Pois prefiro
que continue na eterna dúvida, porque é nela que nos entendemos muito bem.
É na ansiedade de obter uma certeza, que cometemos os maiores e
mais prazerosos atos. Fazemos tudo para que o outro se agrade e nessa ação
natural, quase inconsciente, praticamos o gesto mágico do dar e receber, sem a
sensação da obrigatoriedade. Nem percebemos a breve partida, visto que nos alegramos
com a volta do outro. Enfim, toda essa festa só acontece, devido ao fato de se
manter a informalidade na afeição.
Quando cometemos o ato de reconhecer a paixão, damos a ela uma
formalidade que não convém a esse sentimento, já que isso é altamente nocivo à sua sobrevivência. A esse gesto, comparo com a formalização de uma sociedade em
contrato jurídico, uma vez que é a partir desta ação, que tudo terá que seguir um conjunto de regras preestabelecidas a fim de aquela ser duradoura. Mas como esse sentimento
foge a regras, agindo de forma espontânea e livre,
convém mantê-lo distante dessas convenções sociais. Logo, peço-lhe que sempre nos
conserve na informalidade dessa paixão.
Criado em: 09/02/2006 Autor: Flavyann Di Flaff
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