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A COMPLICADA ARTE DE TERMINAR UMA RELAÇÃO

Eis que chega o dia em que temos de nos apartar, até mesmo, daqueles que nos fizeram bem! Este dia veio numa frase dita meio que de supetão, não importando quem fora, se um ou o outro, o seu emissor ou o receptor. Mas, apenas, que ela soou assim: “melhor terminarmos tudo!”. Logo um silêncio sepulcral imperou, e uma angustiada reflexão, em ambos, instalou-se. Enquanto um pensava que ali se efetivava a sua liberdade, o outro só imaginava o quanto sofreria por tal perda.

Todos evitam ter que enfrentar esse dia, já que ninguém quer assumir que será o algoz do outro, pois esse, geralmente, é quem mais arcará com as consequências ruins de tal ato. Na cabeça, só há um pensamento, o de que mesmo ciente que maltratará o que era querido, tudo findará de uma forma satisfatoriamente racional.

Bom seria se nesse caso existisse uma afinidade, suficientemente, capaz de fazer-nos pressentir a estagnação da relação e, assim, ao dialogar, cada um seguisse seu próprio caminho, sem muitas, longas e desnecessárias explicações em forma de desculpas, que só proporcionam um mal-estar.

Desde que a humanidade começou a existir, é fato de que em qualquer relação sempre existirá aquele que se doará mais do que irá receber. Logo, insistir que o outro retribua na mesma medida o que, espontaneamente, fora-lhe dado, é demonstrar o quanto se é egoísta. Porque ninguém, mesmo que em uma visão particular seja isso o correto, é obrigado a devolver igual ou em dobro tudo o que lhe é ofertado. Afinal, uma relação é uma troca na qual não está determinada quem dará o que ou o quanto ao outro.

Mesmo que se queira ser sutil na abordagem do tema em questão, tem sempre aquele que teima em fingir não entender as diversas mensagens subliminares ditas na convivência diária. Este que não quer aceitar o fim é aquele que, por carência afetiva, decepção amorosa ou por alguma obsessão sentimental, optou por se entregar de todo a uma relação que surgiu de forma eventual, esquecendo de que, graças a esse detalhe (eventual), já estava fadada a ser breve.

Enfim, infelizmente, ainda não inventaram uma maneira eufemística, suficientemente capaz de encerrar uma relação, sem que uma das partes saia ferida. 

Criado em: 29/05/2006 Autor: Flavyann Di Flaff


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