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DIAS DE HEMIALGIA


Em tempos regulares, sou objeto de violência! Como um marginal arrogante, que manda avisos ameaçadores, ela dá sinal de sua dolorosa presença. Surge e, de pronto, toma-me como refém, fazendo-me vítima de seus desejos insanos. Forçando-me a se esconder da luz, uma vez que a claridade a irrita. Tornando-me fugitivo dos sons, visto que o silêncio ela prefere.

Se por acaso executo um leve movimento, recebo, como reprimenda, fortes impactos na cabeça, especialidade desta coisa indesejável. Sem saída, esforço-me para seguir à risca todas as exigências dela. Mas sádica que é, ainda assim, sofro torturas em sequências quase que intermináveis, proporcionando-lhe imenso prazer na minha dor.

Às vezes, um dia é pouco, para que essa, também usurpadora, se satisfaça. Vencido, adormeço e não vejo quando ela se vai. Quando acordo, sinto ainda a ressaca de sua horrenda farra. A tontura me faz sabedor de que ela, a qualquer instante, poderá retornar e toda a perversão recomeçar. Então, tento me recompor e retomar a minha rotina. 

Criado em: 08/04/2004 Autor: Flavyann Di Flaff


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