Aqui estou! Não como um cavaleiro de
armadura reluzente assoberbado em seu posto de comando, apenas dando ordens em vez de estar combatendo nas fileiras. Mas, sim, como um incansável guerreiro,
com trajes já totalmente rotos, esfarrapados em batalha, que por serem tantas,
fazem com que as feridas se acumulem em meu corpo fadigado, sem que possa ou
haja tempo para cicatrizá-las. Posso até distinguir as mais recentes sob estes
trapos que as protegem, pois o sangue escorre em porções generosas, mostrando, com isso, que essas manchas em minha armadura não são de sangue inimigo, porém de mim mesmo. A dor também é uma companheira fiel e rotineira, no entanto não
devo desistir ou me entregar, não posso, pelo menos, não agora!
Foram tantas causas perdidas, todavia nelas não havia inimigos a combater. Existia apenas eu, sempre a me enfrentar, muitas
vezes, de maneira sórdida, sarcástica. Venci uma vez e, em algumas
outras, vi-me derrotado.
Eu, guerreiro sempre ferido, inúmeras
vezes me ajoelhei e chorei. Clamando a um deus superior, para que me desse
mais ânimo, coragem e uma sorte melhor. Sempre ansiei por um bom descanso,
do tipo que pudesse me permitir sarar de todas as feridas, até ficar totalmente
refeito.
Em alguns momentos, a minha face, refletor dos
meus mais fortes sentimentos, transfigurou-se. Dando lugar a feições de
enorme desespero, coisa que um guerreiro não pode demonstrar em uma batalha. Contudo, isso ocorreu porque descobri que nunca haverá a última batalha, que para
vencer a guerra, muitas outras virão. Então, chorei e pensei em um fim menos
honroso para um combatente, hesitei e, por enquanto, desisti deste intento. Elevo o meu semblante e meu corpo
exaustos, recomeçando mais um combate contra mim mesmo.
Criado em: 04/04/2004 Autor:
Flavyann Di Flaff
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