Quando se é pequeno, as pessoas se oferecem para
cuidar da gente. Sem precisão de apelos ou súplicas, simplesmente, elas chegam
para brincar e acalentar-nos; ficarem conosco, quando os nossos pais têm que
sair. Sempre estão por perto para nos auxiliar em alguma coisa. Realmente, é de
se admirar essa total disponibilidade e boa vontade humana.
Os anos passam, vamos crescendo e aprendendo a se
ajustar às novas normas da vida. Inúmeras vezes, necessitaremos de um apoio,
não só dos nossos pais, que nos criam e já nos auxiliam a resolver alguns
problemas. Como também, da ajuda alheia para nos encaminhar às oportunidades de
crescimento social, já que, em algumas vezes, sozinhos, nada conseguimos, apesar
de nos esforçarmos. Entretanto, nesse momento, muitas pessoas se ausentam ou
fazem que não nos notam, fingindo não perceberem a nossa carência de apoio
moral e de oportunidades para mostrarmos as nossas capacidades. Raras exceções
acontecem, uma delas é quando surge alguém solidário e ciente de seu papel
social, ajudando-nos a vencer uma difícil etapa da vida e, por aquele, ficamos
eternamente gratos.
Longo tempo se passa e a velhice chega, com ela,
surgem as limitações provenientes da idade. Fazendo-nos carentes de cuidados,
de muita atenção e, em certas ocasiões, também de afeto. Nesse período, em
alguns momentos, a nossa voz falha, mas os nossos olhos falam mais que mil
palavras e, suplicantes gritam por auxílio. Contudo, nada disso adianta, porque,
nesse instante, algumas pessoas se escondem ou fogem, até mesmo aquelas que
pensávamos nunca nos dar as costas. Por isso, achando-nos insociáveis,
insuportáveis, vamos mergulhando no abismo do abandono.
Nós, enquanto seres humanos vivos, porque mortos nada mais somos, senão, pó. Necessitamos, carecemos mesmo, de uma companhia vida afora, mesmo que ela seja passageira, inconstante ou onipresente (que esteja presente só em cartas ou em breves lembretes de preocupações). No entanto, de um bom tempo para cá, infelizmente, insistimos em fingir que daquela não precisamos ou precisaremos jamais. Mesmo a vida nos mostrando, em alguns de seus muitos momentos, que estamos a pensar e a agir de forma errônea.
Criado em: 24/04/2004 Autor: Flavyann Di Flaff
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