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O RECONHECIMENTO




Hoje, estando em meu canto, veio me assediar uma lembrança viva de uma época irreal e não muito distante. Há tempos evitava tal momento, já que sabia que isso me transformaria em um incomodado saudosista. Bons tempos em que éramos apenas palavras inconsequentes, em um plano puramente fictício. Ainda inseridos nele, fizemos a triste descoberta de que anos-luz nos separavam física e mentalmente, mas sei que nunca nos importamos com isso.
Tal lembrança viva me fez sentir inúmeras emoções, entretanto, apenas uma ficou a perdurar até hoje e esta é a de tê-la comigo, desejo que nunca se concretizou. Hoje posso afirmar, que foram vários e distintos motivos a impedir essa realização.
Para não me torturar vida afora, conformei-me com a simples explicação de que se não nos entendemos, foi porque não era para isso ocorrer. Muito embora, existisse um forte indício de interesse em ficarmos juntos.
Descobri que o tempo nos fez evoluir, pois nos proporcionou a chance de percorrermos novos caminhos, conhecermos novas pessoas e, de certa forma, isso nos transformou em pessoas melhores. A ponto de nos tornarmos mais sociáveis, tolerantes, compreensíveis e mais abertos.
Ainda penso que poderíamos ter feito diferente, como, por exemplo, termos ficado juntos, mesmo que, durante a relação, descobríssemos que nada tínhamos a ver ou o contrário. Essa dúvida não tirada é o que até hoje mais me incomoda. Digo isso, porque, agora, com uma convicção incontestável, reconheci que você é, de fato e de direito, a lembrança mais viva que tanto desejei.

Criado em: 06/11/2005 Autor: Flavyann Di Flaff

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