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DO SENHOR DOS DESTINOS

Eu, guerreiro ferido mortalmente pela interminável ausência da coragem, sigo caminhando por trajetos previamente traçados. Como se fossem metas a serem conquistadas obrigatoriamente. Todas elas alheias, já que não as formulei.

Verdadeiramente, não tenho um senhor a obedecer, mas sou perseguido, acossado e subjugado por um senhor impiedoso, arrogante e incompreensivo. Este, antes mesmo de me conhecer, já estipulara regras para o meu viver, sem que tenha apelação de revogação de alguns termos pertinentes ao que seja melhor para mim.  Sob pena, caso insista, de pagar alto preço por tal rebeldia. Assim, vejo-me quase sem opções, salvo as daquele senhor, que raramente me oferta. Só que elas são de uma ironia e perversidade indescritíveis. No momento em que ele as oferece, encontro-me sem nenhuma condição psicológica de aproveitá-las e é nisso que consistem aquelas duas. Já que ele é sabedor, previamente, deste momento de fraqueza. Logo, este ato serve, apenas, para mostrar quem é que manda. Humilhado, vejo-me desesperar, a ponto de nada neste mundo me estimular a reagir.

Tornei-me um ser quase insensível. Digo isso, porque só consigo sentir o imenso peso desta minha frustrada existência em meus já cansados ombros.

Fiquei tão frio por dentro, que um desejo de vingança me invadiu. Queria matar de todas as maneiras possíveis, este insano senhor. Mas como destruir aquele que dirige as minhas ações para consequências já preestabelecidas, se ele é invisível e onipresente. Sem ter nunca essa resposta, caio em prantos, visto que sei que estou incapacitado de derrotar o senhor dos Destinos. Este, que antes mesmo de eu ser gerado, já me adotara e criara um universo exclusivo e pessoal para mim.

Criado em: 18/06/2004 Autor: Flavyann Di Flaff


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