Pular para o conteúdo principal

TEMPO PARA REFLETIR

Depois da conquista, veio a convivência diária. Com ela, sem perceberem, uma inesperada rotina começou a se fazer presente na relação. De início, tudo era agradável, já que era feito pela primeira vez. Transcorrido certo tempo, foi ficando recorrente, mas ainda não lhes causava mal-estar algum, uma vez que estavam dividindo suas alegrias, gostos e a amizade de pessoas queridas. Com o passar de meses, como é comum em uma relação, uma das partes começou a se incomodar com o que frequentemente era feito. Pois tudo parecia seguir regras invioláveis, as quais impunham o que rotulam de “convívio normal”.

O enfado começava a tomar conta de um dos envolvidos, enquanto no outro o pensamento era de que tudo estava em perfeito estado. Este ignorava, assim, que a mesmice já tomara conta do relacionamento, a ponto de fazer com que o outro enjoasse a sua companhia.

Certo dia, já sem estímulo algum, ela pediu um tempo a ele, o que foi permitido incondicionalmente. Há muito queria respirar novos ares, para, talvez, descobrir o que já sabia, porém não possuía força para se dedicar completamente. 

Agora, podendo usufruir desta estipulada liberdade, quis andar por caminhos estranhos e, de preferência, que fossem dar para bem longe de lugares já conhecidos. Contudo, sem saber o porquê, preferiu se aventurar em um ambiente irreal, no qual quis o acaso que ela passasse por uma prova. Conheceu, nesse meio virtual, uma pessoa que lhe despertou curiosidade extrema, a ponto de fazê-la querer desfrutar dessa companhia. Conhecimento feito, logo desfrutaram uns poucos momentos de união, o suficiente para mexer com o interior dela. Transcorrido tal episódio, sentiu o peso do arrependimento em sua consciência, pois lembrara que, ao pedir um tempo, o companheiro ficou a esperá-la.

O acaso desempenhou o seu papel e permitiu que decidisse qual a melhor atitude a ser tomada, uma vez que alguém ficara a sua espera, aguardando uma resposta franca ao retornar. Cabe agora a ela revelar ou não o acontecido, ou apenas dizer que o intuito do tempo pedido fora para refletir sobre a rotina na qual se transformara a relação deles. Que se retomarem a convivência, será necessário que algumas mudanças ocorram para torná-la mais prazerosa, colocando muito amor a fim de consolidá-la de vez.

Criado em: 01/11/2003 Autor: Flavyann Di Flaff



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LOOP FARAÔNICO

  De um sonho decifrado ao pesadelo parafraseado. A capa que veste como uma luva se chama representatividade, e a muitos engana, porque a vista turva. Ao se tornar conveniente, perde toda humanidade. Os sete anos de fartura e os de miséria, antes, providência pedagógica, hoje mensagem ideológica, tornando o que era sério em pilhéria. A fartura e a miséria se prolongam, como em uma eterna praga sem nunca ter uma solução na boca de representantes que valem nada. O Divino dá a solução, e esses homens nada fazem, deixando o povo perecer num infinito sofrer, pois, basta representar, para fortunas obterem. E, assim, de dois em dois anos, os sete se repetem, como num loop infinito de fartura de enganos.   Criado em : 1/6/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

O JOGO DA VIDA

O jogo da vida é avaliado sob quatro perspectivas: a de quem já jogou e ganhou e desfruta da vitória, a de quem acabou de entrar, a de quem está jogando e a de quem jogou, perdeu e tem que decidir se desiste ou segue jogando. Quem jogou e ganhou, desfruta os louros da vitória, por isso pode assumir a postura que mais lhe convier diante da vida. Quem acabou de entrar no jogo, chega cheio de esperança e expectativas, que logo podem ser confirmadas ou frustradas, levando-o a ser derrotado ou a pedir para sair, permanecendo à margem, impotente diante da vida. Quem está jogando, sente a pressão da competição e, por isso, não se deixa levar por comentários de quem só está na arquibancada da vida, sem coragem de lutar. Quem jogou e perdeu, sente todo o peso das cobranças sociais pelo fracasso, por isso não se permite o luxo de desistir, pois sabe que tem que continuar jogando, seja por revolta, seja para se manter vivo nessa eterna disputa. Criado em: 20/11/2022 Autor: Flavyann Di Flaff