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INCONSEQUENTE PERDIÇÃO

Uma companhia para ti deve ser como uma transa mal paga, uma foda mal dada ou, simplesmente, mais um nada a preencher este vazio, que está sendo tua vida.

Deves ver o ente oposto, como uma certeza da feira no final do mês ou a certeza de tuas contas pagas, ou, ainda, quem sabe, a realização do carro novo em tua garagem. Mas que visão turva, esta tua! O que terá causado tamanho estrago nela? Jamais desabafarás isso, porque jamais ninguém fará tal questionamento, apenas, saciarão o desejo e partirão sem se importarem com a tua vida.

Talvez saibas como eles te vêm, porém ignoras tal opinião. És para todos os homens que te procuram, como um pedaço de carne vendida, consumida às pressas, só para saciar uma vontade que vem e logo passa, assim que termina o ato.

Penso que dentro deste teu vazio e, aparentemente, frio coração há resquícios de um amor rejeitado ou maltratado, motivo forte para tal negação ao apego ou de qualquer outra demonstração de afeto, para com o sujeito oposto.

De nada adianta este teu comportamento, já que se vingar desta forma, não ajuda a cicatrizar a ferida ainda aberta em teu peito e, muito menos, aplacará a dor que sentes. Pelo contrário, só te transformará em uma pessoa amarga, sem sossego algum. Todavia, se ainda desejas te consumir em noites de orgias infindas, continues a vender teu caráter às pessoas indistintas. Uma vez que, ao venderes teu corpo, vendes também a tua dignidade. Infelizmente, pelo visto, há muito já ultrapassaste este limite. 

Quando um dia, enfim, quiseres perceber as consequências destes teus lascivos atos, não culpes a sociedade. Porquanto, essa mesma sociedade, apesar de irônica e cruel, não tem poder sobre tuas vontades. Logo, para ela, és responsável pelo que fizeres.

Criado em: 21/09/2003 Autor: Flavyann Di Flaff


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