Foi em um carnaval literário que a conheci, uma figura cheia de intertextualidades cujo olhar de ressaca confundiu a minha percepção. Será que me notou entre os presentes? Quando nossos olhos se
encontraram, será que leu os meus? Apesar de intrigado, decidi continuar a
observá-la atentamente. Tinha os cabelos negros e um sorriso doce, tais quais
os de uma virgem das terras cearenses. Como Paulo, um velho conhecido de outros
carnavais, fiquei a imaginar tão linda criatura em traços angelicais, certo de
que naquele rosto infante estava uma alma pura.
Aproximei-me, pacientemente, até sentir o seu perfume invadir o meu ser. Diante da formosa dama, lancei-lhe de novo o olhar, dessa vez, com explícito pedido para conhecê-la. Fitou-me resoluta, dando-me a oportunidade almejada. Demos uma pausa no baile dos mascarados e nos encontramos na sacada do velho palacete, palco de tantos cerimoniais. À luz de uma cúmplice lunar, conversamos sobre coisas triviais enquanto as de importância se organizavam na mente, assim feito, trocamos informações acerca de nossas realidades, senti uma reciprocidade na modalização do que era ofertado, o que só me atiçou. Cumprimentos afetuosos trocados, a noite – criança traquinas − prometendo brincadeiras possíveis para ambos, assim, voltamos ao baile, Lucíola e eu.
Criado em: 17/07/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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