Quando foi que desaprendemos? Começou
paulatinamente, sem sabermos das consequências, contudo cientes do que
fazíamos. Da vida real nos afastamos à francesa, criando uma realidade, que até
então era paralela e, como cachorros presos, que, ao verem o portão aberto, vislumbram
a possibilidade de uma liberdade, nela tudo depositamos: Vontades, anseios,
alegrias, esperança, sorrisos e uma felicidade contagiante − tesouros
imateriais de uma vida inteira. Durante esse intermitente ato, não nos demos
conta de que cometíamos um erro ao darmos a uma, o que já tínhamos empenhado a
outra. Eles apenas estavam guardados, aguardando o reconhecimento, desta vida, pelos
nossos atos, o que justificaria o gesto espontâneo de presenteá-la com todos
eles, como assim fizeram os colonizadores aos futuros colonizados. Meritocracia
hipócrita, já que nunca os realizamos, em razão dos nossos inúmeros medos
infundados, que nos vendo aglomerados diante da vida, lançam-se sobre nós como
gás paralisante, tornando-nos impotentes perante os desafios existenciais.
Essa onda pós-moderna que consiste em se abster dos fatos reais, para abastecer uma realidade alternativa na qual predomina a influência tecnológica, é fruto de uma sociedade patológica, que, tornando-nos dependentes, escraviza-nos. Foi assim, quando nos impuseram a crença do Estado como o Grande Provedor e, agora, com a Tecnologia como a Grande Salvação da humanidade perdida.
Criado em: 02/07/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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