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NA LATA

Depois de um tempo
se envolvendo, enlaçando-se,
numa troca intensa,
ela veio, de chofre,
e me disse:
− Plantarei o seu amor na lata!
Espantado fiquei,
porque pensei que a liberdade
regesse a relação entre nossos sentimentos.
Enfática, retrucou:
− Na lata, ele não morrerá!
Percebendo que quem ali falava
não era a fina flor do sentimento,
mas o vaso que a aprisionava,
respondi discordante:
− Não morre, porém, jamais crescerá!
Permanecerá estático,
preso às regras do vaso!
Assim concluindo,
virei-lhe as costas
e fugi daquele
Mercador de sentimentos,
que só me queria
como mera decoração.
 
Criado em: 04/07/2020 Autor: Flavyann Di Flaff


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