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FUGA ILUSÓRIA

A garrafa destoava do ambiente como pinguim de geladeira em cima da televisão. Incomodado, pegou-a e saiu rumo à praia. Lá chegando, decidiu beber todo o seu conteúdo a fim de se embriagar e esquecer o que lhe causava estranha e angustiante sensação. Em pouco tempo, já estava em estado de catarse etílica, dando-lhe coragem e o fazendo sair daquele estado de impotência. Empolgado, jogou a garrafa que comprara por impulso nas águas do mar, para, em seguida, retornar ao seu bunker doméstico.

O tempo passou e daquele momento de esbórnia nada lembrava. De repente, uma sensação ruim o assolou, decidiu, então, ir desopilar naquela praia de costume. Quando caminhava pelas conhecidas areias, sentiu algo lhe incomodando, era o seu pé que sangrava, devido a uma garrafa partida, que se escondera sob o solo arenoso. Maldisse esse momento, porém, quando olhou bem para o rótulo, uma lembrança o assolou, ali estava a mesma garrafa que jogara ao mar.

Moral da história: Não podemos fugir dos nossos problemas, embriagando-nos com prazeres fugazes, porque, uma hora ou outra, aqueles voltarão a nos cobrar uma solução!

Criado em: 16/07/2020 Autor: Flavyann Di Flaff


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