Hoje, acordei com jeito de criança peralta
que fez uma traquinagem e aguarda angustiada pelo castigo iminente. Sofria não
só pelo castigo que viria, mas, também, pelo arrependimento do malfeito,
afinal, a sua dedicada e amorosa mãe não merecia tamanha desfeita. Ela o perdoou,
como é inerente a esse ser, sempre que um filho desobedece, porém, não sem antes receber um sermão e um corretivo.
O dia foi passando com certo ar sombrio,
apesar de ser um dia belo e agradável de sol. Percebi que este ar de contos de
Edgar Alan Poe estava em mim e não no dia, que transcorria naturalmente. Era o
meu ser que penava de arrependimento por tão inconsequente ato.
No primeiro momento, pedi desculpas, pois era só o que podia ser dito, posto que não cabiam explicações injustificáveis. Os olhares mal se encontraram, quando as desculpas foram aceitas. Nesse instante, a sensibilidade que emanava de suas tantas palavras escritas e que lhe faltara no dia anterior, parece que surgiu de repente, como se fora a força de Sansão ao ter os cabelos cortados, quando estava embriagado nos braços de Dalila. Tal sensibilidade ressurgida, o fez perceber a mágoa causada e que poderia ficar incrustada na parede da alma de sua terna mãe. Depois desse fim de noite fatídico, aturdido, recolheu-se ao quarto para cumprir a sua penitência silenciosa, que prosseguiu até o dia seguinte, fazendo-o perceber que a sua mãe, mesmo chateada, transmitira-lhe a certeza de que estava tudo bem, sem que a relação entre eles ficasse abalada. Mais aliviado, tomou como lição as consequências más que a sua falta de percepção causara.
Criado em: 13/06/2011 Autor: Flavyann Di Flaff
Comentários
Postar um comentário