Na minha cidade, província dos sentimentos
puros, havia ruas da saudade, da felicidade, dos milagres, denominações
carregadas de significados. Nela, os dias tinham ares europeus, nos quais o sol
se exibia esplendorosamente, sem ferir os seus espectadores, já que o
acompanhava uma leve brisa. As árvores, frondosas todas elas, no passeio
público, davam um espetáculo à parte. À noite, certa dama, com seu vestido
prateado, dominava o cenário, a ponto de a todos encantar. Emanava dele, uma
atmosfera sedutora, na qual as pessoas buscavam um contato mais próximo às
outras, sem aqueles melindres que constroem barreiras intransponíveis. Por fim,
as tardes seguiam sempre fagueiras, convidando-nos constantemente para um passeio
aos recônditos encantados da cidade, onde rios e paisagens se encontravam para
cantar odes à vida simples e bela em apresentações memoráveis.
Hoje, logo ao sair de casa, percebo que o ritmo é outro, flui acelerado. A rua ainda continua a mesma, porém a paisagem que a cerca não reflete mais aquela de outrora, revelando que a maturidade também chegou para ela, só que, nesse caso, como uma fruta madura, passou do ponto e perdeu seu aspecto, seu cheiro e o seu gosto agradáveis, desagradando a muitos que ali nasceram.
Criado em: 08/06/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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