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MOÇA DO RIO

Em busca de aventura, pelas trilhas do entusiasmo enveredei. Aventuroso incansável, descobri paisagens magníficas em recônditos inviolados. Atento, ouvi o som de água caindo. Intrépido, parti em busca de sua origem e logo a localizei, era uma pequena cascata cujas águas desabavam e escorriam sobre a pedra, formando um lindo e calmo lago. Mas surpreso fiquei, não por ter tal privilégio, porém, por ver ali, sentada sobre as pedras, uma jovem de aparência angelical, que estando tão absorta em sua contemplação, não notou a minha intrometida presença. Não me fiz de incomodado e decidi seguir observando a sua postura independente ante os burburinhos intermitentes da natureza, que denunciavam a presença de flora e de fauna diversas. Seu olhar era de puro deleite com tudo que a rodeava, e nada além disso tirava ou chamava a sua atenção. Era só dela e da natureza, aquele momento. Desapercebido, eu era apenas um narrador observador relatando os fatos a partir da minha parca visão, no entanto, sem saber nada sobre aquela figura singular. Ciente de que ela por ali permaneceria por mais tempo, resoluto, retornei à trilha e fui, agora, contra a minha vontade, em busca de outros lugares, que, depois daquela inusitada e agradável cena, não terão o mesmo encanto.

Criado em: 08/06/2020 Autor: Flavyann Di Flaff


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