O povo brasileiro, apesar de diversas
provações e privações, sempre foi ordeiro. Mas de uns anos para cá, o projeto
de mudar essa característica vem se intensificando e se fortalecendo cada vez
mais. Tentaram de tudo para incendiar a massa, trazendo, como em tempos idos,
do continente europeu, toda sorte de hibridismos, abraçando ideologias
contrárias, fortalecendo divisões de classes, de religião, até apelaram para
uma polarização política, porém, na ocasião, apesar de um slogan sedutor (a
esperança vence o medo), também não surtiu o efeito planejado e o povo
continuou pacífico. Não satisfeitos, dividiram a massa homogênea, compacta, em
pequenos grupos, a fim de criarem uma rivalidade belicosa, e, novamente, nada
mudou, pois essa não tivera força suficiente para gerar o caos social que tanto
desejavam. Parecia que já tinham entregado os pontos, quando, entre eles, com o
olhar apurado de um antropólogo, alguém lembrou que a única coisa que tirava o brasileiro
do sério, era a paixão futebolística. Pronto, tinham descoberto o embrião de um
modelo! Não demoraram e, depois de análises sociológicas, criaram um padrão
capaz de garantir o que sempre planejaram, mas que, até ali, não tinham
conseguido. A política, para os brasileiros, consistia em uma forma de conseguir
suprir as suas necessidades mais urgentes durante o período eleitoral, pois era
sabido que depois de eleitos, os representantes do povo, daqueles não mais
lembrariam. Com o conhecimento profundo acerca das torcidas organizadas,
passaram a usá-lo no desenvolvimento das campanhas políticas, com o intuito de
atrair a mesma passionalidade dos que gostavam de futebol, e assim foi
trabalhado diuturnamente, até que fizessem das eleições, uma sósia dos
campeonatos estaduais, e dos políticos, estrelas de seus clubes amados. Todas
aquelas artimanhas frustradas mantiveram-se na composição da sociedade, como
barris de pólvora à espera de um estopim, o que, evidentemente, foi produzido
com a mescla da passionalidade futebolística com a política.
Hoje, o que vemos e ouvimos são atitudes e
discursos aparentemente distintos, só que não, já que estão bem alinhados no
que diz respeito a gerar uma contenda civil no Brasil. O que só traria
consequências incalculáveis para a população, já que os detentores do poder estariam
imunes sob os seus aparatos governamentais de segurança.
O momento é bem oportuno para eles, uma
vez que, devido à pandemia, as pessoas estão desestabilizadas emocionalmente, o
que as tornam vulneráveis a essa manipulação. A insegurança, a incerteza no
amanhã é tanta, que ter alguém para culpar, odiar, jogar toda essa carga
negativa, seria o remédio perfeito para tanta pressão. É nisso que estão
apostando todas as fichas, bombardeando, minuto a minuto, todos os cidadãos com
informações ditas contraditórias, mas que validam umas as outras, produzindo
uma ação e gerando uma reação de mesma ou maior intensidade. É a lógica a
serviço de interesses escusos.
Criado em: 01/06/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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