Cansado, contrito pelos males alheios e fragilizado pelas circunstâncias, procurou refúgio nos templos da transcendência. Em cada um deles, encontrou a ideia de uma verdade que liberta, acolhe e cura, desde então seguiu como fiel devoto de seus padroeiros.
No início, a convivência foi harmônica e sincera, já que dividiam de tudo um pouco, porém, com o passar do tempo, os santos, por autodenominarem-se altruístas, foram ajudar aos outros e o relegaram ao largo de seus afetos. A partir disso, quando lembrado, era apenas por seu utilitarismo, o que os forçava a convocá-lo a participar de suas existências. Assim se seguiu, até que o cansaço da consciência desses fatos o assolou, gerando um profundo mal-estar em sua alma.
Mal sabia ele que aqueles a quem devotou boa parte de sua simplória vida, de abrigos fortes, nada tinham. Eram, como ele, frágeis e dependentes, não de sua presença, mas dos seus serviços. Se queriam uma mão firme e protetora, essa não era a dele, pois, há muito, se encontrava fragilizado física e mentalmente.
Digerir tanta coisa contrária não foi tarefa fácil, exigiu o dobro da paciência e resiliência que pensava não possuir. Ainda tonto por descobrir que aquela ideia de uma verdade não era o que buscava, viu-se perdido em seus pensamentos, procurando alguma maneira de tomar as rédeas de sua vida longe daqueles, para, assim, exercer o seu eu em definitivo e induzi-los a assumir as responsabilidades que lhes cabiam.
Criado em: 24/06/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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