Manchete de um portal sul-africano:
HOMEM MORREU POR PRAZER
Muitos acessaram esse portal e
visualizaram a manchete, sem que clicassem para ler toda a reportagem e, dessa
forma, saberem do que se tratava. Uns poucos, depois de verem a manchete, saíram
pensando no quanto a sociedade se tornou perversa, a ponto de a vida não valer
mais nada. Outros, com um discurso preconceituoso, acusavam, julgavam e condenavam
os que vivem à margem da sociedade. Ainda teve quem entendesse e saísse falando que o homem morreu porque quis, disseminando, por meio do aparato
tecnológico, toda a mediocridade que lhes habita.
Só uma pequena parte divergiu, acessando, visualizando e seguindo para a notícia, a fim de saber do que se tratava. Lendo, na íntegra,
toda a reportagem, ficando, assim, ciente dos fatos. Segue abaixo, a reportagem
completa:
Um
homem morreu após relação sexual com a sua namorada, na manhã de segunda-feira
(29), na cidade de Tshwane, na África do Sul. A vítima foi identificada como
Madala Peter Phiri, de 78 anos, e sua namorada, Senwametsi Mothopa, 48 anos,
está à procura dos seus familiares. Durante entrevista para o portal
sul-africano Daily Sun SA, a amante disse que a vítima era uma pessoa muito
amorosa e atenciosa.
Ela
conheceu a vítima em maio do ano passado, mas temia que não pudesse se manter
sexualmente ativa. Peter realizou todos os seus desejos sexuais e sempre dizia
palavras apaixonadas durante os encontros amorosos.
"Peter
era um homem de verdade na cama. Era melhor que qualquer homem mais jovem com
quem já me relacionei. Ele não só era bom na cama, mas me trazia presentes, me
fez sentir especial e fez minhas noites mágicas", disse Mothopa.
De
acordo com Senwametsi, Peter só a visitava aos finais de semana. A vítima iria
para a sua casa somente aos domingos, mas, como era o seu aniversário, decidiu
ficar por mais uma noite. A jovem relatou que no dia fatídico eles se deitaram
cedo e tiveram uma noite como nunca antes. "Ele estava em chamas e não
conseguiu parar de me dar prazer", disse a mulher.
A amante disse que na madrugada de segunda-feira (29), após relação sexual intensa, a vítima faleceu. "Ele era o único que normalmente me acordava, mas na segunda-feira de manhã ele ainda estava profundamente adormecido.
Portanto, como vimos, a reportagem trazia em si a história de uma fatalidade, que por ser assunto nas rodas de conversas cotidianas, possui um lado cômico, apesar de trágica. Porém, nesses tempos de avanços tecnológicos, nos quais a praticidade e a comodidade são os atrativos, a aversão à leitura de textos tidos como longos, mas esclarecedores, é um fato consumado. Justificado por ser o leitor moderno uma pessoa apressada, que diante da quantidade de informações disponibilizadas na tela do seu celular, cria um sentimento de urgência para a assimilação desse montante. O que resulta, além de uma análise errônea da validade ou não daquelas, também na compreensão da manchete como sendo a própria notícia, não carecendo de um entendimento mais profundo.
Criado em: 08/06/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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