O novo, o novo sempre vem, mesmo que o
parto seja sofrido, ele virá! Faz tempo que, em suas entranhas, germinava,
ainda diminuta, a procela que agora o aflige. Alimentava-se das migalhas de
invisíveis temores, dos quais nunca deu fé. Nesse rude alimentar – primeiros
elementos de um complexo e invasivo aparato de tortura –, sentiu vertigens,
ânsias muitas e intermitentes, como se alguma coisa tivesse a devorá-lo por
dentro. Sensações desconhecidas para quem não acolhe, vela e gera, só inocula a
semente no ventre úmido e quente.
O arrebentar das entranhas produz o
rebento, que, logo de cara, traz esperança a seu espírito cansado. Porém, ela,
aos poucos, vai se esmaecendo, feito planta quando perde o viço, denunciando a
angústia de quem acabou de gerar uma criatura má.
Hoje, criador e criatura não se entendem. Embate desigual, já que dele, tudo ela sabe, da fortaleza, a fraqueza − o atalho para a sua destruição. Velha insana, que vestida de presente, posa de novidade, só para o iludir. Mas não perde por esperar esta que, por ora, domina a cena. Já que, no interior do pai, começa a ser gerada nova criatura, a suceder, por ordem natural, essa tormenta que até aqui vingou.
Criado em: 22/06/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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