Nesta casa em cinzas, em breve, será
apenas um fantasma. Sob este teto, já não se protege, apenas se esconde. Nesta
sala, já não se senta, passa de relance. Neste quarto, já não se acomoda,
incomoda-o nele estar.
Tudo o que vê ao redor lhe causa instabilidade
psicoemocional, não pelo apego intrínseco a quem está prestes a transcender,
mas pela importância que tudo já teve em certo período de sua existência. Hoje,
nada mais resiste do que foi, só há treva a servir de palco para pensamentos
tenebrosos.
A paisagem interna à externa secular se funde, confundindo a sua confiança no amanhã e esta, estando distraída, é uma inimiga renhida. Clama às alturas pela passagem rápida e leve por este terreal, diz, convicto, que não suportaria mais um ano de martírio, colapsaria e cometeria pecado. Quer ir com o mínimo de mácula, deixando para trás um ambiente opressor, insalubre para qualquer alma de sensibilidade acurada. Portanto, partindo de um lugar devastado pelo fogo do descaso afetivo, seguindo rumo ao tão desejado paraíso.
Criado em: 12/01/2021 Autor:
Flavyann Di Flaff
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