Pular para o conteúdo principal

PALAVRAS AO VENTO III

                         

Depois de ouvirmos o relato cronológico do caos do sistema de saúde de Manaus, de uma forma lógica impecável, não temos mais dúvidas de que, desde sempre, os poderes são senhores das nossas mazelas. Porém, preferem explorá-las de forma vil e cínica em detrimento de uma reparação efetiva delas. Aquela, que do relato fora autora, mostra-se imparcial diante da opinião pública, ora atacando fulano e defendendo sicrano, ora atacando este e defendendo aquele. Quando, na verdade, ela é o fiel da balança de alternância do poder.

Diante da recorrente narrativa midiática, podemos perceber, nas suas entrelinhas, qual a finalidade incisiva dos métodos textuais aplicados a ela. Meias verdades fazem mais estragos que uma mentira, já que esta pode ser rebatida sob um mínimo de esforço, enquanto aquelas requerem uma análise mais aprofundada para serem refutadas. Principalmente, quando endossadas por falas de especialistas escolhidos a dedo. Questioná-las, para quem vive nas trevas da ignorância, torna-se um trabalho hercúleo, quiçá, impossível de ser feito. Portanto, os poucos que conseguem, são rapidamente estigmatizados como loucos e jogados à margem dessa sociedade alienada da realidade que a cerca.

Criado em: 19/01/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MUNDO SENSÍVEL

  E toda vez que eu via, ouvia, sorria, sorvia, sentia que vivia. Então, veio um sopro e a chama apagou.   Criado em : 17/01/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ALICIADORES DA REBELDIA

         Nasce no asfalto quente, entre gritos roucos e cartazes mal impressos, o suspiro inaugural de um movimento popular. É frágil, mas feroz feito chama acesa em palha seca. Ninguém lhe dá ouvidos; zombam de sua urgência, ignoram sua fome de justiça. É criança rebelde pulando cercas, derrubando muros com palavras – ferramentas de resistência.           Mas o tempo, esse velho sedutor, vai dando-lhe forma. E o que era sopro, vira vendaval. Ganha corpo, gente, força, rumo. A praça se enche. Os gritos, antes dispersos, agora têm coro, bandeira, ritmo, batida. E aí, justo aí, quando a verdade começa a doer nas vitrines do poder, surgem os abutres engravatados — partidos, siglas, aliados, palanques — com seus sorrisos de vitrine e suas promessas de espelho, instrumentalizam o movimento para capitalizar recursos e influência política, fazendo-o perder a essência.           Chegam mansos, como quem só...