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FESTA DA DEMOCRACIA


De grupo em grupo, com total impunidade,
Os larápios dão o nome do seu escolhido, e
O povo copia para se lembrar.
Ainda dizem: − Não esqueçam, melhor, nulo, não votar!
Se caso o outro for eleito,
Não terão o direito de reclamar.
Nas ruas calçadas, os “santinhos” espalhados,
Sujeira da corte, a trupe candidata 
Costume nacional para o último arriscar da sorte.
Então, conduzidos pelo escrutínio alienado
Desta republiqueta para a eleição daquele,
Espalham o boato da vitória da moralidade.
 
O outro lado é a desolação nessa trama,
Difícil não se comover com a cena.
Porém, nesse teatro político global,
Cada um cumpre o seu papel de forma excepcional.
Pense nos cidadãos que votaram e se foram!
Quando em suas casas ouvirem do logro os rumores,
Sabendo que o eleito não foi por eles escolhido,
Mas por forças ocultas neles incutido.
 
Atordoados com o noticiário, apenas meias verdades
Sendo ditas ininterruptamente.
 
A mente, como um campo vasto e fértil,
Ao bel prazer desse vendaval verborrágico,
É inundado por folhas outonais de esperança.
Transformando-os, como aqueles queriam,
Em seres agitados mergulhados numa atmosfera pesada.
Seguindo-os como um recente sem visão, que carente de uma direção,
Aceita, sem questionar, a que lhe for apresentada.
 
Assim finda, mais uma celebração da tão decantada democracia.
Recolhida a ceia real, sobra a dura realidade,
Seguem a vida severina, seus filhos, Zé e Maria.
Adeus, aos que do poder voltam à orfandade!
 
Criado em: 17/01/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

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