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PRISÃO MENTAL

                 

Nasceu sem penas, época em que foi mais livre e feliz! Quando os primeiros penachos começaram a surgir, já entendia muito do mundo. Nesse momento, os olhos, gestos, cuidados, todos eles já começaram a mudar. Deixaram de ser para ele e foram para outras coisas. As penas surgiram com seus encantos e seduções, insinuando liberdades infindas em pretensas asas audazes. No início, não se deixou convencer, permaneceu com os pés no chão e os olhos ao derredor. O tempo passou, as penas agora mais duras, cada vez mais investindo sobre a sua frágil segurança. Relutou, hesitou, até que não mais aguentou e cedeu de vez aos impositivos apelos de uma ideia de liberdade. Esta, por permanecer uma eterna prometida, transformou-se em grilhões que o aprisionou por longos anos. Tempo em que se lembrou de quando era realmente livre, longe de concepções e convenções. Foi então que percebeu o erro cometido, pois quando duvidou de sua liberdade e foi atrás de uma concepção libertária a perdeu, deixando-se prender. Ao valorizar mais a ideia da coisa do que o desfrute da coisa, fez-se prisioneiro eterno de uma representação mental feita para iludir e afastar o indivíduo daquilo que é real e palpável.

Criado em: 26/08/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

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