A tecnologia, para alguns, toca a profundidade do nosso ser, transmudando-o. Mas lhes digo, que ela não chega nem a roçar a superfície dos nossos frágeis corpos. Não por sua impotência diante de seu criador, já que o superou desde que se meteu entre a gente. A tecnologia, com os seus diversos e distintos aparatos móveis, não acessa o nosso íntimo, simplesmente, porque o que somos, nessa hiper-realidade pós-moderna, consiste em um monte de simulacros que criamos ao longo de nossas vidas, para interagirmos com o outro. Em resumo, tudo o que somos é casca, capa que encobre nossos medos, preconceitos, desejos e tudo o mais que chocaria a muitos ao derredor. Esse apetrecho patológico converte, exteriormente, o que de fato somos para o que aparentamos ser. Por isso, somos acessados pela tecnologia assim que a utilizamos, ela nos seduz com a promessa de ampliar o limite do que aparentamos ser e mal se apresenta, já a cumpre de forma ilimitada, tornando-nos seus fiéis cegos seguidores. Portanto, somos mais uma extensão daquela, em uma versão carnal dos aparelhos touch screen.
Criado em: 13/08/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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