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SIMULACROS DE SALVADOR

Em terra de eternos presidenciáveis, quem é ex-presidente, será para sempre rei! Em uma Republiqueta de Bananas, esse lema é seguido à risca, sem jamais ser questionado. É um mantra, de uma religião alienante, que coopta seus séquitos não só por meio de promessas de doação de cargos na esfera pública, como também de ajudas sociais altruísticas totalmente desprovidas de interesses eleitorais. Isso pregado em um meio em que todos vivem à mercê do secular descaso público, ou seja, em extrema necessidade para existir, sobreviver soa como um bálsamo para as dores físicas e convence até o mais incrédulo dos necessitados, que incapacitado para buscar o seu sustento, cede a essa desumana tentação.

Entra quadriênio, sai quadriênio, e a republiqueta continua a conviver com o caos fomentado por aquela casta divina. Afinal, o que seriam dos santos se não fossem os pecados alheios. Estes iluminados precisam das trevas para propagarem a esperança prometida de uma luz redentora, só que, por trás disto, esconde-se o real propósito deles, que é manter o povo sob o eterno terror existencial, isto é, a medonha impressão de viver em uma terra arrasada, onde uma instabilidade política, causada por inimigos da república, gera inseguranças jurídicas, econômicas e sociais. Esse é o cenário perfeito para os eternos salvadores da pátria, sempre enaltecidos pelos representantes legais da sociedade, quando a mudança no poder, nunca de poder, lhes convém.

Diante disso, enquanto o povo não tomar consciência da força que as falsas promessas eleitoreiras possuem sobre suas vidas e despertar para a verdade dos fatos, como Ulisses, que, atrelado ao mastro, não se deixou seduzir pelo canto das sereias, permanecerão sob o jugo nefasto daqueles santos do pau oco – pretensos candidatos a salvador –, que prometem proteger-nos, construindo, para isso, castelos de areia à beira do mar da conveniência.

Criado em: 4/4/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

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