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AS REVIRAVOLTAS QUE O TEMPO DÁ

Houve um tempo,
por sinal, demasiado longo,
em que a sua conjuntura
consistia nos outros e seus problemas,
eu e minha felicidade existencial.
Não me deixava abalar por nada contrário,
já que pelas coisas alheias não me interessava,
apenas seguia o fluxo natural do viver.
Enquanto os outros
chafurdavam em seus imbróglios,
sem nunca resolvê-los,
apenas murmurando-os dia e noite.
Aquele tempo foi sendo gasto
em dias floridos, em dias de sol,
no efêmero hábito de viver.
Até que a maturidade chegou tardia,
distribuindo augúrios à inocência que já se despedia.
Quando me dei conta, já eram outros tempos!
Nestes, os outros seguiam com seus problemas,
porém, eu não mais detinha a felicidade.
Incorporei-me inconsciente
à incapacitante murmuração da idade.
Agora era a vida, o tempo,
os outros e eu a resmungar.
 
Criado em: 05/04/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

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