Como dizia o saudoso Chacrinha: “Na
televisão, nada se cria, tudo se copia.”
Dito isso, parafraseando-o, dizemos: No
meio político, nada se cria, tudo é apenas reformulado e renomeado.
Por culpa destes três fatores: o
recorrente sucateamento do sistema público de ensino, da falácia eleitoreira
(leia-se, maquiagem política) e do coercitivo lobby das instituições privadas
(leia-se, velhas doadoras de fundos para campanhas eleitorais), o Programa de Crédito
Educativo (Creduc), de 1976, foi reformulado e renomeado para o que hoje
conhecemos como Fies. Não perdendo a sua principal característica, já que se
trata de oferta de crédito, de financiar a inserção, no Ensino Superior privado,
das pessoas que foram penalizadas pelo nosso carcomido sistema público
educacional.
Naquele ano, “era financiado com recursos
de um Fundo de Assistência Social, derivado de rendimentos de loterias. A
partir da Constituição de 1988 o crédito educativo passou a ser operado com
recursos diretos do Ministério da Educação (MEC), administrados pela Caixa
Econômica Federal. Em 1991, entrou em crise por falta de recursos e devido a
inexistência de mecanismos adequados de correção dos débitos pela inflação.
Além disso, o processo ineficaz de cobrança não garantia a efetiva devolução
dos recursos concedidos.” Já revelando um padrão de descaso com o erário
público.
Com a premissa de pôr fim àquele
sucateamento por meio do acesso amplo e irrestrito ao Ensino Superior pelas
vítimas desse sistema excludente, a audácia de certos políticos e de algumas
instituições privadas, em intervir no crédito educacional, se institucionalizou, e
essa usura de ambos descambou para uma inadimplência em massa daqueles que a
ele aderiram, gerando um déficit nas contas desse programa governamental.
Entendamos a inadimplência, nesse caso, como geradora de evasão escolar;
enquanto o déficit nas contas do programa implica em ajustes estruturais na
oferta do crédito (leia-se, diminuição do empréstimo).
Hoje, o descaso com a escolarização da
massa continua, apesar de tantas soluções terem sido adotadas. Estas por serem
simplistas, nada resolveram, perpetuando a lógica da educação como mera
prestação de serviço, de uma qualidade questionável cujo resultado pérfido
vemos nos vários e distintos campos laborais, nos quais a falta de pessoal especializado
é gritante e permanente. O que só nos leva a ratificar o questionamento citado,
uma vez que a formação superior oferecida a nós por algumas instituições, se
for exigida a comprovação por meio de uma prática de excelência embasada pelos
conhecimentos adquiridos; o diploma, efetivamente, não passará de um pedaço de papel
timbrado e nada mais.
Enquanto os gestores públicos não se comprometerem com a melhoria, de fato, do ensino oficial e continuarem fingindo não saber que, para dar subsídios, seja para o que for, tem que, em contrapartida, diminuir o gasto da máquina governamental para que haja equilíbrio no orçamento. A conta não vai fechar, e quem pagará o preço, em forma da prestação de serviços de péssima qualidade ou da sua questionável terceirização, será, tão somente, a grande parcela dos contribuintes, portanto, o povo.
Criado em:
30/04/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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