Sou de todos os lugares! Do palácio ao
casebre, do caminho perfeito à viela sinistra, dos recantos amorosos às
fissuras do odiar, do cosmos ao caos. Mas o lugar em que resido, é onde me
encontro comigo mesmo, sem máscaras sociais. Totalmente ciente, ao mesmo tempo,
da minha força e fragilidade; sabedor da dor e do prazer de ser quem sou.
É um lugar compatível com o meu tamanho,
jeito e manias. Com duas janelas para o mundo. Às vezes, iluminado, noutras,
sombrio. Aparentemente, pequeno por fora, porém de imensidade imensurável por
dentro. Repleto de cômodos que pouco ou que ainda não conheço, estranhos para
quem só é estimulado a ter olhos para fora, condição patológica da cegueira de
si. É a modernidade nos tirando da nossa caverna para nunca mais sermos o que
fomos, ignorantes, contudo repletos ainda de humanidade. Hoje, pela influência
tecnológica, sabemos de tudo e todos, todavia nos tornamos apáticos uns com os
outros, como se estranhos fôssemos, totalmente alheios à realidade em redor.
Diante do persuasivo chamado dos olhos azuis da modernidade, refugio-me no meu cômodo interior em busca da preservação da minha essência. Não quero perdê-la para esse colonizador de almas em um tolo escambo num cenário artificialmente paradisíaco. Quero cumprir com os desígnios da minha existência em toda a sua plenitude, e não os protocolos estabelecidos por algoritmos desumanizadores. Portanto, da minha caverna e de toda a sua atmosfera, só sairei, quando findarem os meus dias nesta terra, para que não perca a minha humana essência.
Criado em:
16/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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