Pular para o conteúdo principal

A NOVA REALIDADE DA CAVERNA

Sou de todos os lugares! Do palácio ao casebre, do caminho perfeito à viela sinistra, dos recantos amorosos às fissuras do odiar, do cosmos ao caos. Mas o lugar em que resido, é onde me encontro comigo mesmo, sem máscaras sociais. Totalmente ciente, ao mesmo tempo, da minha força e fragilidade; sabedor da dor e do prazer de ser quem sou.

É um lugar compatível com o meu tamanho, jeito e manias. Com duas janelas para o mundo. Às vezes, iluminado, noutras, sombrio. Aparentemente, pequeno por fora, porém de imensidade imensurável por dentro. Repleto de cômodos que pouco ou que ainda não conheço, estranhos para quem só é estimulado a ter olhos para fora, condição patológica da cegueira de si. É a modernidade nos tirando da nossa caverna para nunca mais sermos o que fomos, ignorantes, contudo repletos ainda de humanidade. Hoje, pela influência tecnológica, sabemos de tudo e todos, todavia nos tornamos apáticos uns com os outros, como se estranhos fôssemos, totalmente alheios à realidade em redor.

Diante do persuasivo chamado dos olhos azuis da modernidade, refugio-me no meu cômodo interior em busca da preservação da minha essência. Não quero perdê-la para esse colonizador de almas em um tolo escambo num cenário artificialmente paradisíaco. Quero cumprir com os desígnios da minha existência em toda a sua plenitude, e não os protocolos estabelecidos por algoritmos desumanizadores. Portanto, da minha caverna e de toda a sua atmosfera, só sairei, quando findarem os meus dias nesta terra, para que não perca a minha humana essência.

Criado em: 16/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DAS BASES

  Como em um círculo vicioso, neste país, em todo sufrágio, percebemos, de forma descarada, a atuante presença do mirífico corporativismo das necessidades individuais. Elas subjugam, subvertem e relegam a utilidade coletiva das instituições a meros vínculos empregatícios, como nos tempos de outrora. Criado em : 06/10/2019 Autor : Flavyann Di Flaff

TOLICE

  Um dia, customizaram Deus, e conhecemos uma divindade submissa aos muitos e distintos caprichos de cada um dos seres humanos. Em seguida, customizaram a razão, e criaram o que não existia em seus pressupostos: a unanimidade. Então, ao defini-la, Nelson Rodrigues bem traduziu toda essa adaptação.   Criado em : 24/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

O MUNDO PERFEITO

  O mundo tá em franca decadência! Tem religioso, celerado enrustido, prescrevendo penitência a quem se confessa invertido.   Tem conservador progressista e progressista conservador. Corolário de um teatro congressista pra engabelar o incauto eleitor.   Segue o bonde sem freio desse mundo ilusório. O que é determinado pelo meio é certamente provisório.   Vende o pão assado no forno, que há pouco ardia, o cidadão, pelo capitalismo, alienado, pra obter o seu pão de cada dia.   O mundo tá perdido! Tem legalista contraventor e contraventor legalista. Assim, o cidadão é iludido até onde alcança a vista.   Esse é o mundo perfeito para qualquer salvador que pretende ser eleito. Um mundo repleto de discursos “olho por olho, dente por dente”, que atendem a externos impulsos por uma igualdade aparente.   Criado em : 05/02/2024 Autor : Flavyann Di Flaff