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A CIÊNCIA E OS RATTUS

A ciência, antes de anunciar alguma novidade ao mundo, como já é sabido, faz seus testes em cobaias, de preferência, com camundongos. Alguns cientistas quiseram conhecer melhor o comportamento deles em grupo e produziram um estudo sobre a estrutura dessa comunidade. Verificaram, em linhas gerais, que os comportamentos eram sistemáticos e pouco se via divergência na execução deles. Outro ponto importante foi a confirmação de que havia uma hierarquia nessa comunidade, portanto, existindo hierarquia, existem tensões, disputas por melhores lugares nela. O interessante nesse caso era a forma como exerciam e executavam essas tensões e disputas: sendo seus comportamentos sistemáticos, imitados por todos, os camundongos isolavam o desafeto, desqualificando-o perante os demais, dando, para estes, a sensação de que aquele estava infectado (que era o inimigo em comum a ser combatido). A partir dessa observação, os cientistas perceberam, por comparação, que tal comportamento pouco diferia do existente na sociedade humana. Transportando-o para nossa realidade, assim seria: dentro de uma sociedade hierarquizada, o grupo que está no topo vive em constantes tensões em busca do poder total, para isso, juntam-se para derrubar quem o ocupa, através de narrativas meticulosamente construídas e disseminadas entre os que ocupam a base hierárquica, taxando, com elas, as atitudes do atual chefe como sendo pessoais e ilegítimas, só que, na verdade, em nada diferem das atitudes dos que estão a lhe julgar. Portanto, esta ação de grande parte do grupo dominador acaba por ser referência para os que estão na base, que a aceitam como o correto a ser feito, desconhecendo os meios que levaram a esse “correto” fim. Dessa forma, a ciência cumpre o seu ilustre papel dentro da parafernália midiática em prol da conformidade social.

Criado em: 27/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

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