Nestes
tempos sombrios, tenho me perguntado onde está o amor que liberta. O mundo anda
tão estranho ultimamente, nem de longe parece com aquele dos nossos pais.
Parece mais uma terra estrangeira para a nossa espécie, é como se nunca
tivéssemos habitado este lugar.
Há um
estranhamento generalizado entre as pessoas, cada uma com suas carências
afetivas, mas incapazes de se doarem. Olham-se como inimigos constantes, sem
direito a respeito e afetos, cultivando desafetos injustificáveis.
Talvez a
resposta para a pergunta inicial seja o fato de estarmos semeando o amor em
terrenos baldios e sob barricadas pessoais, impossibilitando, com isso, que os
outros usufruam desse sentimento. Este, sendo cultivado desta forma, acaba por
não ser saudável, já que, largado e aprisionado à própria sorte, sente-se
impotente para buscar a devida liberdade. Esse tipo de amor, alimentado só por
palavras, não se fortalece e sucumbe em si mesmo. O amor é exercício pleno de
sua essência, é a demonstração diária nos mais singelos gestos. Se assim não
for, não é amor, é um arremedo de qualquer outra coisa produzida
artificialmente dentro de nós. Como se isso pudesse fazer com que sejamos
aceitos por nossos semelhantes.
Enquanto não cuidarmos de nós mesmos como se preparássemos a terra para a semente, o amor que plantarmos até brotará, todavia não florescerá, uma vez que não o alimentamos adequadamente. Então, choraremos a sua morte a cada dia ou seguiremos fingindo uma aptidão para o amor que nunca tivemos.
Criado
em: 05/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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