Saudades dos romances inocentes de
outrora, nos quais tudo era descoberta, pois só se sabia como se comportar através do “ouvi dizer”. Por isso, a magia era certa na troca de olhares
furtivos, no pegar nas mãos, no passeio a dois, no primeiro beijo, na ansiedade
pelo reencontro e na emoção sentida só em ouvir alguém mencionar o nome do
outro em uma conversa qualquer. São tempos e comportamentos que, quase ou
nunca, serão resgatados mais.
Hoje, a cultura do relacionamento a dois é
outra. Os amores, quando aparecem, são tratados como ratos de laboratório nos
quais são aplicados todos os tipos de sandices, que só possuem efeitos
instantâneos e passageiros, financiadas e propagadas por uma forte indústria
pornográfica. Dessa forma, é tirada dos relacionamentos aquela fascinação, uma
vez que tudo já é previamente sabido, de forma distorcida, através dos filmes e
vídeos dos canais X ou Y. Levando a muitos, para se inserirem na turma, a
parafrasearem peripécias divulgadas nesses canais, sem as terem experienciado de fato.
O efeito colateral de toda essa escalada desenfreada do desejo pelo desejo é a
marginalização do afeto, o que gera um enorme vazio interior depois que a luxúria se
consome como vela sob o fogo intenso.
Quem daquele tipo de amor ainda vive, é taxado de alienado ou tolo e tratado com sarcasmo e muita indiferença. Para essa mudança de paradigma parece não ter mais remédio, porém alguma resistência amada ainda permanecerá, fomentada por todos que acreditam naquele encantamento. Então, um dia, voltarão a ser muitos e prevalecerão nesse mundo adoecido por essa imoral e coletiva histeria.
Criado em: 31/03/2021 Autor:
Flavyann Di Flaff
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