Ao longo desta caminhada existencial, fui
deixando pedaços de mim. Nos lugares por onde passei, nas casas em que morei;
com as pessoas que conheci, com as que pouco convivi e com as que íntimas de
mim ficaram. Nos sonhos que sonhei, nos que não se realizaram e nos que ainda
podem se concretizar. Nas decisões pensadas, nas impensadas, nas tomadas e nas
que deixei de tomar. Com quem me entreguei, uns só de corpo, outros de alma e
alguns poucos de corpo e alma. Com aqueles queridos que se foram e nunca
voltarão. Em cada fracasso, nas horas de medo e impotência, nos momentos de
desilusão com a vida. Enfim, em cada fruto gerado por passos, em falso, dados
durante os muitos anos de vida.
Agora com o cansaço batendo à porta, olho
para mim e não me reconheço. Tornei-me um resto de gente, algo muito distante
da figura que já fui. Desespero-me, angustio-me por saber que me desconstruía
quando só satisfazia as minhas vontades, indiferente ao que era prioridade.
Foram nessas ocasiões em que mais me desfiz de mim mesmo, desfigurando o meu
ser, porém a impulsividade da juventude prevalecia e me fazia a isso ignorar.
Ah, se eu pudesse, um dia, ao passado retornar! Quem sabe, cada parte de mim perdida nas orgias, eu recuperaria e, ao fim dessa viagem, refeito estaria. Já é tarde, é o que me impõe o bater das horas, não há muito ainda por fazer. Então, por puro desespero, clamo aos céus que me ajude a recompor o meu maltrapilho ser e assim peço para sobreviver nestes sombrios tempos: EU ME QUERO DE VOLTA!
Criado em: 27/03/2021 Autor:
Flavyann Di Flaff
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