Certo dia, um espírito que muito tempo
passara no eterno, com o intuito de evoluir, decidiu vir à Terra para exercer com
sabedoria e justiça tudo o que adquirira, certo de que não mais seria
corrompido pelas ações mundanas de outras reencarnações. Lá se foi ele, cheio
de expectativas esperançosas, fartas de boa vontade e ânimo. Todavia, esquecera
de um detalhe, por sinal, muito relevante: o de que, como em toda reencarnação,
voltaria em um corpo material. Daí entender o porquê da fartura daquelas em seu
espírito, agora evoluído.
Assim que se acomodou em seu novo
envoltório, a viagem começou! Chegou ao mundo como todos chegam, afinal, a vida
segue seu curso natural e a primeira parte consiste em nascer, em seguida, o
crescer. A ampulheta do tempo por várias vezes fora virada, sinalizando o
prosseguir da segunda fase de sua estada no plano terreno.
Logo tomou consciência de tudo e de todos
ao seu redor. Então a hora tão esperada, chegou! Qual perspectiva do mundo seria
exposta? As lentes materiais ofertadas, não lhe permitiam ver com os olhos da
alma, mas deixavam os agora seus semelhantes, auscultarem todo o seu espírito.
A partir dessa confirmação, uma imensa frustração o tomou e as sombras que
julgava ter vencido, assolaram-no. Em um átimo a sua consciência anímica fez-se
presente e, com isso, lembrou que a sua evolução ainda não fora robusta o
suficiente para mantê-lo firme no propósito estabelecido. Então, não hesitou em
pedir o seu retorno, mesmo sabendo que o não cumprimento deste novo estágio,
custar-lhe-ia anos de retrocesso e assim lhe foi concedido. Retornou com um
aprendizado tardio: o de que os olhos da carne podem corromper até a alma mais
evoluída.
Criado em: 28/03/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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