Pular para o conteúdo principal

CONTRASTE DE UMA PAIXÃO


Eis que acaba de findar uma antiga paixão que agonizava no peito de um doentio aprendiz do amor! Este vivia pensando que era correspondido, mas não passava de um mero fantoche nas mãos do seu querido objeto de desejo.
Mal começava o dia e já estava a paparicar o seu amor, uma dedicação doentia que mais parecia com a de um fervoroso devoto a uma santa qualquer.
Nunca ficou ausente ao ambiente no qual se encontrava o ser amado, a ponto de nunca perceber que a sua presença rotineira o perturbava.
Por ser prestativo e estar sempre presente nas horas de precisão, o seu objeto de paixão muito lhe tolerava. Todavia, essa rotina deprimente na qual se transformou a relação, acabou por condená-la a um precoce e inesperado fim.
A despedida fora triste, o pranto rolara na face do apaixonado! A muito custo, aceita que a decisão por ela tomada fora a correta, sossegando o seu semblante e confortando o coração ferido. Nesse momento, em suas mentes, surgiram pensamentos bem distintos. Enquanto ele pensava que a paixão não findara, porém, apenas seria transformada em uma sincera e duradoura amizade. Ela agradecia aos céus por ter se libertado de tão sufocante criatura. Eis o contraste entre o ser que sofre a paixão doentia e o seu objeto.

Criado em: 09/10/1995 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MUNDO SENSÍVEL

  E toda vez que eu via, ouvia, sorria, sorvia, sentia que vivia. Então, veio um sopro e a chama apagou.   Criado em : 17/01/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ALICIADORES DA REBELDIA

         Nasce no asfalto quente, entre gritos roucos e cartazes mal impressos, o suspiro inaugural de um movimento popular. É frágil, mas feroz feito chama acesa em palha seca. Ninguém lhe dá ouvidos; zombam de sua urgência, ignoram sua fome de justiça. É criança rebelde pulando cercas, derrubando muros com palavras – ferramentas de resistência.           Mas o tempo, esse velho sedutor, vai dando-lhe forma. E o que era sopro, vira vendaval. Ganha corpo, gente, força, rumo. A praça se enche. Os gritos, antes dispersos, agora têm coro, bandeira, ritmo, batida. E aí, justo aí, quando a verdade começa a doer nas vitrines do poder, surgem os abutres engravatados — partidos, siglas, aliados, palanques — com seus sorrisos de vitrine e suas promessas de espelho, instrumentalizam o movimento para capitalizar recursos e influência política, fazendo-o perder a essência.           Chegam mansos, como quem só...