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Mostrando postagens de 2024

TRANSPOR O RUBICÃO

  A roda do tempo, mentalmente, criada, continua a girar. Ri-se Cronos de tamanha ingenuidade humana, porque celebram o fim de algo que é um contínuo infinito.  Vislumbram mudanças além-mar, e não a partir de suas essências, por isso, não há evolução de fato, só desejos fugidios, externados na expressão vaga “ Alea jacta est ”, na qual se joga tudo nas mãos do destino. Agindo assim, como as mulheres de Jó e de Ló, serão monumentos em homenagem à Estática. Por isso, enquanto não atravessarem o Rubicão e confrontarem a si mesmos, seus votos serão mera ufania – celebração alienante de pseudovirtudes e conquistas. Criado em : 30/12/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ENTÃO, É NATAL...

  Quando chega o mês de dezembro, dá aquela angústia típica das festas desse período. Temos que ser educadamente recíprocos (pra não dizer, fingidos) àquele ato de apertar a mão (uns nem apertam, só iniciam o gesto, e não o concluem) e "desejar" aquele voto de Feliz Natal e Próspero Ano Novo (pra não dizer que são votos NAFTALINOS, já que é isso que se diz desde meus remotos tempos de infância) de pessoas que mal olham e falam com você durante todo o ano. Sinceramente, isso mais parece uma imposição social! Basta que saiamos à rua para notarmos que algumas pessoas estão reservando o “espírito natalino” para as suas festas particulares. Nos poucos instantes que levamos para cumprir a tarefa das compras e retornamos para casa, surgem situações, diante de nós, só para confirmar a total ausência daquele e percebermos que o único espírito que reina é o de porco. Criado em : 24/12/2012 Autor : Flavyann Di Flaff

INEXORÁVEL

  Na ampulheta, nadei contra a maré! Pensei poder resgatar o passado, mas que triste ilusão a minha, porque nada do que vivi, revivi. Senti apenas o frescor de algumas sensações vividas, fazendo-me chorar de saudade. Nostálgico, fui vencido pelas areias do tempo decorrido, e o despertar à realidade foi inevitável!   Criado em : 06/12/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

MAIS UM DIA

  Quando os que me precederam se foram, envelheci cinquenta anos em cinco. O vazio se tornou profundo e impreenchível, a ponto de reproduzir ecos de angústia. O mundo ao redor sempre foi o mesmo, porém, o pouco brilho que emitia, fora perdido. Já nada faz sentido, um cansaço de não sei o quê invade mente e corpo em dias intermitentes, incitando uma vontade imensa de ir. Sinto-me impotente diante de tão potente força, o olhar fica perdido diante da escolha, e na pressão do agora, blefar ou bancar a aposta é o que atormenta o meu adormecido ser. Dito isso, apesar dos pesares, venço mais um dia, em um mundo que só me angustia.   Criado em : 28/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

Ó DICÉIA

  Feito gente com iniciativa, decidida como nunca, aboletou-se na calçada – margem da estrada da vida – e entregou-se à submissão coletiva.  Cotidianamente, aceitava as esmolas ofertadas pelos senhores do sistema. Com o tempo, conformou-se com o contínuo estado de sobrevivência em que fora submetido subliminarmente. Já não fazia questão de mudanças, e só de ouvir falar nessa palavra, o sossego ameaçava-lhe fugir, assim, melhor ir deixando tudo como está. Afinal, melhor o pouco certo que o muito duvidoso, como certo é o seu estado de torpor. Há vinte anos era assim a sua vida, um exemplo seguido pelos seus. Filho e filha que geraram netos, descendentes e herdeiros do mesmo quinhão, habitantes do mesmo fim de mundo em que sempre se escondeu, apesar de, recorrentemente, ter acreditado em muitas promessas de quem vestia a máscara de salvador da pátria. As promessas não vingavam e eram amontoadas no porão do esquecimento, e, a cada dois anos, eram requentadas e servidas quentes p...

FANTASMAGORIA

  Há quem, diante das intermitentes intempéries da vida, sentindo-se impotente, encare o tempo como um instrumento mágico que a tudo apaga ou como o soberano mar, que, com suas ondas, na areia do vasto litoral da existência, também apaga as mal traçadas linhas do viver, renovando a vontade de algo novo escrever. Eu, que, também, inúmeras vezes, me sinto impotente diante dessas mesmas intempéries, ao contrário de muitos, mantenho-me realista em relação ao tempo, pois o vejo como um exímio estelionatário, prometendo dissipar tudo o que nos machucou, nomeando de passado, uma entidade fantasmagórica que, recorrentemente, reaparece para nos atormentar. Criado em : 02/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

DE ENCONTRO AO ESTADO DE SOBREVIVÊNCIA

  Quando as circunstâncias, que regem a vida em sociedade, são manipuladas pelas instituições que deveriam zelar por ela, para que a massa permaneça em constante estado de sobrevivência, a racionalidade perde espaço para o instinto, instalando-se o caos do alheamento da realidade definitivamente. Nesse sentido, mas indo de encontro a essa terrível consequência, Garcia Lorca, no ato de inauguração da primeira biblioteca pública na província de Granada, sua terra natal, pronunciou a seguinte frase: “ Nem só de pão vive o homem. Eu, se estivesse na rua esfomeado e desvalido, não pediria um pão. Pediria, isso sim, meio pão e um livro .” Acerca do significado implícito nessa frase de Lorca, Odenildo Sena assim descreveu o seu processo de análise: “ Fechei os olhos e fiquei moendo e remoendo a frase. Ora, se alguém está esfomeado, o impulso mais evidente é querer matar a fome. Porque, como dizia minha Mãe, fome dói. Eu, se no lugar do faminto, iria querer mesmo era resolver esse pr...

CAINDO EM SI

  Cansado de ratificar as obras do Criador o criado recria pervertendo mata a vida ainda em botão contamina a água, o solo e o alimento sonega a compaixão a quem sofre desdenha de quem sabe ri de quem chora julga a vítima da injúria criada dá palco e holofote ao desamor insatisfeito pragueja o Redentor cansado das estripulias cai em desgraça e o desespero é o seu senhor sai de cena pensando livrar-se da dor em um ato tresloucado retorna aos braços do Criador   Criado em : 03/09/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ESPELHAMENTO

  Autor : Flavyann Di Flaff - 30/08/2024.

EXCLUSÃO SOCIAL

  A indústria cultural apresenta as suas armas: Sexo, drogas e rock’n roll. Salve, salve os enlatados da contracultura! Alienantes e massificantes da cultura da sobrevivência diária. Nesta selva de pedra, mato um leão por dia, para prover as necessidades imediatas. Nesta luta constante por recursos básicos, distancio-me da realidade da vida que segue lá fora – isolamento social. Refugio-me do poder simbólico na Cidade do Deus me acuda, lá a atitude é exatamente 0 0 , sem comparação ao centro do mundo. Outsider do belo estado constituído – Para! Belo?! – belicosa questão. Estados complementares, mas distintos. Para lê-los, só discutindo a vulnerabilidade oficial assistida.   Criado em : 30/08/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

STATUS QUO

Autor : Flavyann Di Flaff 

BAQUE DO DESTINO

  Por entre a caatinga a rudeza vira beleza e o silêncio quebradiço sossega todo rebuliço   E nesse rio de tranquilidade vem banhar-se toda iniquidade na esperança vã de a febre terçã da vingança virar bonança   Em um recôndito da selva nordestina se encontra a grota de Angicos onde a vida revela a que se destina   Um bando com sotaque e trajes típicos nela se regalava com o néctar de Baco logo tudo cessaria num só baque   Criado em : 30/06/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

TEMPO PRESENTE

  Lá vai o tempo correndo feito menino arteiro, depois de fazer arte. Ao ver a cena, injuriado, saí correndo feito besta atrás dele, com a intenção de puni-lo, quando, na verdade, puniria a mim mesmo. Porque o tempo, por mais que façamos, não volta atrás, é prego batido e ponta virada. Pelo tempo e pelas circunstâncias da vida, tornei-me rude. Por medo de perder o pouco do muito que ainda me resta, virei um egoísta. Tolice minha! Angustiar-me com o que não tenho controle, com o que já me foi destinado. Porque a vida é como o tempo, só importa o presente, sem o ranço do passado e sem a agonia desesperadora do porvir. Criado em : 26/06/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

POESIA ANÔNIMA

  O amor em suas mais variadas versões é esquecido pelo ibope midiático   seguindo seu trajeto cuida do inválido lembra repetidas vezes ao patológico esquecido celebra a vida na noite em claro   o bem no dia a dia não fortalece a audiência não celebra a concorrência só compactua a empatia   num mundo doente o amor é contrassenso é utopia   o pútrido atrai o alado carniceiro assim como o malfeito se transforma em midiático fetiche   Criado em : 28/06/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ELEGIA DEMOCRÁTICA

  Com vozes impostadas cooptam vidas fracassadas Numerologia perfeita para perpetuar a classe eleita   Elegia entre os mortos o salvador da pátria Entre tantos humanos tortos ascendeu um pária.   E entre os muitos que elegia mal sabia que em nada a sua vida nenhum mudaria   Porque o que só se via era seu sofrer e sua vida fracassada epitáfio que o vento fez correr em uma sonora elegia.   Criado em : 28/06/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

SANTA ESQUIZOFRENIA

  Sobre os costumes, ninguém deveria legislar! Por que a visão alheia universalizar, se no lugar do outro ninguém quer estar?   Religioso ou mundano, nenhum dos dois é santo. Mil vezes, prevalece o profano.   Produz o espanto, a urna eletrônica eclética. Legisla sobre ética, o etílico legislador.   Sob o manto do amor, produz lei severa, que não separa predador daquela que gera.   Lava as mãos na bacia de Pilatos como a querer relativizar o seu ato. Contudo, o cinismo só evidencia a sua santa esquizofrenia.   Criado em : 17/06/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

SINA

  Da capital, pouco sei! Sempre vaguei pelos recônditos dela. Vida sempre periférica, cidadela da sobrevivência, existência sem plano B, eternas batalhas homéricas.   Do capital, pouco sei! Na volatilidade do pão de cada dia, descubro a insuficiência do que suei.   No dia a dia, vivo a competição, norma-padrão da sociedade consumista, Igreja da qual todos nós somos dizimistas.   Sigo nesta vida Severina que, por um pano de chita, se fascina. Um filme imita a vida, e o capital a delimita. Enterramos, com isso, a esperança finda, e do pó, sempre voltaremos para cumprir essa sina.   Criado em : 17/06/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

REALISTA INGÊNUO

  Ah, mas que picardia! A flor pela qual aspirou não era o que ele percebia. A coisa que tanto o encantou, já não condizia com a ideia, e foi assim que se enganou.   A flor, que natural se mostrava, uma mentira camuflada, o seduzia, o encantava, como em uma propaganda de coisa pré-fabricada, para atender a uma demanda.   Então, com a cara quebrada, o desejo resoluto e a expectativa frustrada, foi viver esse luto que o ego tanto refutava.   Criado em : 25/05/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ARMADILHA

  Em um mundo dominado por imagens, aparentar é fundamental! Na visão torpe do predador, a afetação é paixão, e como toda, é dever satisfazê-la. Então, em suas demonstrações sentimentais, exagera no tom, fingindo nada perceber. Força a barra de algo imprevisível, ser ou não ser. Satisfaz a seu ego narcisista, a educada aflição alheia. Sufoca a autonomia do outro com a enxurrada de palavras doces treinadas, moldadas na arte da coerção. Contudo, a mão que aperta o pássaro longamente, vacila, e este, desperto, por um momento, faz-se entregue, para, em seguida, voar liberto. Da armadilha narcisística, pragueja o predador – falso lamento – pois logo se refaz e mira outra caça.   Criado em : 18/05/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

POLITICALHA

  Tanto quanto a maquiagem, antes do sepultamento, prepara um cadáver para a ressurreição, as promessas eleitoreiras de “melhorias definitivas” terão um efeito prático e eficiente no contínuo caos socioeconômico em que vive a população brasileira.   É como diz Jessier Quirino, no causo “O matuto e o coroné”: “[...] prometer como sem falta e faltar como sem dúvida; [...].”   Criado em : 14/05/2022 Autor : Flavyann Di Flaff

DESENREDO

  Enferrujada a sensibilidade, a parca simulação de afeto cativa o ser antiquado. Faz cair, por terra, a ilusória fortaleza que ergueu o fraco, simulacro de grande opressor. Desmancha o riso pérfido da cara do manipulador que, manipulado por seu narcisismo, entrega-se sagaz ao objeto pretendido. Este, desinteressado, percebe, naquele, a ansiedade paquiderme que, desajeitada e evidente, delata o jogo assaz malicioso. Ciente deste, o objeto animado enrola o fio condutor da trapaça, assumindo o controle. Então, o caçador vira caça, enervado pelo desenredo do ato pensado.   Criado em : 13/05/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

CONDUTA SOCIAL

  O parecer ser te abre portas! Faz de ti um ser socialmente aceito, o perfeito cidadão de bem. Predicativos que só serão averiguados, quando, por alguma má ação, fores denunciado. Contudo, se nada fores nessa vida, o nada ser já te classifica socialmente, de forma automática e inquestionável, em um perfeito marginal. Até que proves ou simules que não estás à margem da sociedade.   Criado em : 27/04/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

RETÓRICA GOSPEL

  Nunca bebeu da água da vida, mas por ter uma crença de pia, autodenominou-se crente. Aos quatro cantos, espalhou uma real conversão. Ilusão! Era só mais um slogan de campanha em prol do reconhecimento social alheio, fórmula que sempre usou e funcionou. Em um mundo de narrativas convenientes, uma retórica gospel sempre ganha engajamento entre os santos dos últimos dias. Creiam nisso e tenham fé!   Criado em : 05/04/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

O MUNDO PERFEITO

  O mundo tá em franca decadência! Tem religioso, celerado enrustido, prescrevendo penitência a quem se confessa invertido.   Tem conservador progressista e progressista conservador. Corolário de um teatro congressista pra engabelar o incauto eleitor.   Segue o bonde sem freio desse mundo ilusório. O que é determinado pelo meio é certamente provisório.   Vende o pão assado no forno, que há pouco ardia, o cidadão, pelo capitalismo, alienado, pra obter o seu pão de cada dia.   O mundo tá perdido! Tem legalista contraventor e contraventor legalista. Assim, o cidadão é iludido até onde alcança a vista.   Esse é o mundo perfeito para qualquer salvador que pretende ser eleito. Um mundo repleto de discursos “olho por olho, dente por dente”, que atendem a externos impulsos por uma igualdade aparente.   Criado em : 05/02/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

TELEOLOGIA DA COMPENSAÇÃO

  Salve, salve, esta pregação ideológica! Espaço midiático – seu recanto devocional. Pregação meteorológica daquela maneira tradicional: Ouça o que digo, falo o que não faço. Só assim se conquista humanamente passo a passo. Fomentar o eterno bang bang no estilo “se for pra chorar, que chore a sua mãe primeiro”, cristalizando a ótica maniqueísta do yin yang , tudo isso para derrotar e erguer um império. Lutar contra os donos do sistema jamais! Massacrar quem da massa também faz parte, ao degenerado ego, enaltece e satisfaz. Afinal, briga entre iguais, no Coliseu, é arte! Tanto agrada ao rei quanto ao senado, esse duelo entre alienados. Assim, de retóricas em retóricas, são elaboradas as pregações, fazendo parecer anedóticas, dessa teologia da compensação, as razões.   Criado em : 03/02/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

AMORES À VISTA

  Como um diamante bruto seduziu, ascensão e ostentação foi o que previu. Corpo comprado, ao gosto montado, outdoor do consumismo. Shape hypado , salve para o selvagem capitalismo. A força da atração os uniu, pensaram em prosperidade e ela os atraiu. Neste mundo de representatividade, onde as competências não são prioridade, só o amor é o que importa, mesmo que ele leve à bancarrota. As marcas na hype é o que os amarra, as suas alianças são um código de barra. Então, um salve para essa união legal! Se justa ou injusta, a Razão perde o tino, a Rede, para isso, é um grande tribunal que, para muitos, decreta o destino. Enquanto isso, o desejo grita: “Vá curtir amores à vista!”   Criado em : 21/01/2024 Autor : Flavyann Di Flaff