Quando criança passava na tua frente e
ficava fascinado com tamanha beleza e imponência. Ao chegar em casa, ficava
imaginando que o dono era muito rico, poderoso e gostava de tudo arrumado,
pois olhando a ti, era assim que o via.
O tempo passou, eu cresci e conheci um
pouco de tudo, meu conhecimento de mundo foi ampliado. Movido pela curiosidade
daqueles tempos de criança, quis conhecer-te por dentro. A expectativa me
consumia, a ansiedade de lá para cá só cresceu e, enfim, entrei naquela bela
morada que há muito só conhecia por fora. Tudo era lindo, limpo, organizado, de
um silêncio convidativo à oração e, pondo-me de joelhos, orei. Parti dali,
quase satisfeito, uma vez que não conhecera o dono daquele belo lugar.
Sempre que me sentia tocado por um
silencioso chamado, para lá eu me dirigia. De tanto frequentar, conheci outros
que faziam dali uma extensão de seus cotidianos. Nessa convivência,
reconheci-me e os conheci mais de perto, e vi que todos, como eu, eram falhos –
barro pronto para o oleiro. Eu logo me fiz acessível, porém alguns, não! Apenas
queriam fazer parte dos que frequentam aquela morada só por tradição e nunca
por convicção.
Nesse templo, ao longo do tempo que por lá passei, jamais vi a presença do dono, que só vim saber de que ali não mais morava tempos depois. Há muito Ele havia deixado o sepulcro para transcender, e este estando vazio, foi usado pelos mercadores de templos, que aproveitaram para caiá-lo e o venderem como sendo a permanente morada do Eterno. Então, dali me fiz ausente e distante, contudo prossegui firme na fé.
Criado em:
19/05/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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