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COLECIONADORES

Em nossas vidas, por anos a fio,
acumulamos experiências
que julgávamos essenciais à nossa existência.
Amores aos montes, fontes de prazer e gozo,
cada um do seu jeito, com suas taras e manias.
Mas não passaram de bibelôs entulhados
por sobre as estantes da escola da Vida,
onde ouvi de um ex-aluno,
que a verdadeira arte de amar,
vai além da sedução e da satisfação efêmera do prazer.
Acumulamos lenha e mais lenha,
advindas de galhos de uma árvore genealógica,
que em nada retrata a realidade familiar existente,
pois só representa a estrutura organizacional dela.
Elos que aprisionam todos,
seres acorrentados por formalidades sociobiológicas,
entre os quais, poucos mantêm laços afetivos consistentes,
capazes de, humanamente, fazê-los evoluir a um amor familiar.
A vida seguindo rumo incerto,
o tempo-bala voando
e quando nos damos conta,
tudo o que julgávamos essenciais,
depois de um olhar existencial mais perscrutador,
perde seu caráter primordial e torna-se secundário,
mero acessório no corpo indefinido da Vida.
Então, vemos que negar o vivido,
não organizará e, muito menos,
removerá os pertences inúteis,
acumulados nos cômodos de cada um.
No início, a dor de saber que a quantidade de amores
não fora o suficiente para nos fortalecer;
nem a fogueira daqueles galhos, com o seu calor,
fora suficiente para juntar toda a família ao nosso redor,
vai ser insuportável, mas seguiremos existindo.
Teremos que reconhecê-los,
todavia, como exemplos a não serem seguidos
e, resolutos, trocarmos a ansiedade pelo discernimento,
a compulsão pelo desinteresse a tudo o que não
contribua com o nosso verdadeiro e saudável crescimento.

Criado em: 11/04/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

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