Outro dia, esbarrou em mim, uma gata.
Mas, não qualquer uma, foi daquelas de fazer todo gato vadio paralisar, ficar
sem reação, apenas observando o passar gracioso e tão “sem intenções” daquele
cativante ser. Ao me dar conta, ela já estava a ronronar tão melodiosamente,
que soou como música aos ouvidos atentos do meu desejo. Logo, este me acossou e
eu que não sou de assumir nada sem antes medir e pesar as consequências,
peguei-me retornando para casa, já com a gata envolta completamente pelos meus
braços. Os passos estavam apressados, o coração acelerado, a respiração
ofegante, as mãos suando, reações que não sabia explicar. Chegando em casa,
como se já pertencesse ao novo ambiente, aquele ser desfilou majestosamente por
entre os trastes até se agasalhar em meu colo, e com um olhar, ao mesmo tempo,
terno e pidão, ronronou suave, como a solicitar carinhos que logo foram dados
por mim. Assim, ela foi se entregando e me ganhando, sem palavras prontas, sem
gestos calculados, apenas com simples expressões cheias de sinceridade.
O tempo voou e logo veio a noite, a atmosfera de penumbra inspirava mais aconchego, então a gata se dirigiu à cama e, ali, aninhou-se. Como animal, que também sou, instintivamente, dirigi-me àquele cômodo, ao adentrar, seus olhos me fitaram com uma ternura nunca antes dirigida a mim por outro ser. Pela primeira vez, senti-me amado e desarmei toda a autodefesa construída, devido a situações ruins vividas anteriormente, então, ali, fui presa fácil de seus carinhos, até de um banho de gato fui vítima. Em certo momento, de gata manhosa (pequeno felídeo), ela passou do gênero Felix para o Pantera, e se fez tigresa selvagem, deixando marcas, que só foram percebidas ao amanhecer, quando já não mais dormia entre os lençóis. Sonolento, marcado e ainda dolorido, senti que a passagem daquela gata em minha vida não seria esquecida tão facilmente.
Criado em: 13/01/2014 Autor: Flavyann
Di Flaff
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